O TERRITÓRIO DO CONTESTADO (SC-PR) E AS REDES GEOGRÁFICAS TEMPORAIS (the contested territory and the temporal geographical networks)

Abstract

RESUMOO presente trabalho analisa a rede sobre o território da Região do Contestado, estabelecida historicamente entre os estados de Santa Catarina e do Paraná como uma estrutura de interconexões e interações. A abordagem se pauta na análise de três redes -tropeira, ferroviária e rodoviária -a marcarem a região em foco como espaço periférico, porém não desprovido historicamente de intervenções públicas. No estudo das mudanças e permanências destas redes se obtém uma abrangente leitura da formação territorial do Sul do Brasil, a indicar que o espaço possui uma relatividade semelhante ao tempo, denotando uma ordem de coexistências, associada a uma ordem de sucessões imanente ao tempo na formação regional. Palavras-chaves:Rede. Território. Guerra do Contestado. Santa Catarina. Paraná. ABSTRACTThis paper analyzes the network on the territory of the Contested region established historically between the states of Santa Catarina and Paraná as a structure of interconnections and interactions. The analytic approach of three networks -tropeiros, road and rail -such networks marked the contested region as a peripheral space, but not devoid historically of public interventions in its temporality: before, during and after the Contested War. In the study about the changes and stays of these networks is a comprehensive analytical reading on the territory training area in southern Brazil, through the understanding that the space has a relatively similar of the time. In the Contested space has an order of coexistence as the time has in the regional training was marked by an order of succession, but such orders exist together, in the things in themselves, considering that time is local. RESUMENEl presente trabajo analiza la red del territorio de la Región del Contestado, históricamente ubicada entre los departamentos de Santa Catarina y Paraná, como una estructura de interconexiones e interacciones. El abordaje analítico de tres redes: tropeira , ferrovial, por carretera, redes que marcaron la región del Contestado como espacio periférico, sin embargo, no ha sido olvidado por intervenciones públicas, a lo largo del tiempo: antes, durante y después de la guerra del Contestado. En el estudio sobre los cambios y permanencias de dichas redes, se obtiene una lectura analítica sobre la formación del territorio del Sur del Brasil, a través de la comprensión de que el espacio posee una semejanza relativa al tiempo. En las delimitaciones del Contestado existe una orden de coexistencias, así como el tiempo para la defi nición regional fue marcado por una orden de sucesiones, pero tales órdenes existen conjuntamente, en todas las cosas, considerando que el tiempo es local. Palabras-clave:Red. Territorio. Guerra del Contestado. Santa Catarina. Paraná. INTRODUÇÃOO presente trabalho tem por objetivo a análise das redes históricas que marcam a Região do Contestado entre os estados de Santa Catarina e Paraná e as interconexões entre elas, sobretudo a tropeira, a ferroviária e a rodoviária. Para explicar tais redes históricas e a permanência sob...

Vozes Circundantes No Vale Dos Imigrantes: Das Redes Que Confirmam a Região Do Contestado Ao Ofuscamento Das Cidades Caboclas Que Resistem Oferecendo Produto E Cultura Cabocla Secular Ao Turismo Regional

“…Cidades pequenas podem evoluir para lugares centrais de pequenas hinterlândias, mantendo diferentes estatísticas demográficas, produtivas e de renda. Uma mudança que ocorre, sobretudo, pelas transformações no campo que alteraram o padrão dos pequenos lugares centrais ao longo de sua evolução (FRAGA, 2017).…”

“…Muitos desses, vivem na periferia das pequenas cidades do Contestado, outros são explorados nos latifúndios e, alguns, estão acampando ou assentados e ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, por conta desses e de outros fatores, essa região possui os mais baixos Vozes circundantes no Vale dos Imigrantes: das redes que confirmam a Região do Contestado ao ofuscamento das cidades caboclas que resistem oferecendo produto e cultura cabocla secular ao turismo regional Angela Zatta, Diego da Luz Rocha, Nilson Cesar Fraga Geographia Opportuno Tempore, Londrina, v.6, n. 3, p. 122-141, set./dez. 2020 139 índices de desenvolvimento humano de Santa Catarina, ou menos do Brasil, pois o índice de pobreza nos municípios da região varia entre 20 e 48% da população residente (FRAGA, 2006(FRAGA, , 2009(FRAGA, , 2010(FRAGA, , 2011(FRAGA, , 2016(FRAGA, , 2017(FRAGA, e 2019.…”

Biopoder e racismo na Guerra do Contestado

“…Como não é possível saber-se com maior exatidão o quantitativo de mortes, os números baseiam-se em estimativas segundo diferentes fontes históricas. NilsonFraga (2017), afirma serem em torno de 30 mil o número de mortos, enquanto a maioria das fontes estima entre 8 e 10 mil mortos(BELTRÃO, 2016).…”

A Ideia De Sertão Na Formação Socioterritorial Brasileira, E Na Região Da Guerra Do Contestado

“…Essa leitura que os caboclos viviam dispersos nas matas, miseráveis e sem-terra, já foi amplamente derrubada por outros pesquisadores sociais e humanistas, sobretudo no que concerne ao fato de serem tidos como intrusos, pois eram, na realidade, posseiros e que viriam viver a expulsão de suas terras de posse com o advento da entrada do capital estrangeiro no sertão do Contestado, fato que levaria aquele sertão às armas, em quatro anos de guerra civil no início do século XX (TEIDER; O Sertão do Contestado, território de vida e do modo de vida de numerosa população sertaneja catarinense e paranaense, faz parte, também, de um sertão que precisava ser superado e submetido à modernização que se instalava na região naquele período histórico, mas estava envolto, ainda, no processo de branqueamento da porção territorial contestada entre os dois estados sulistas. O Contestado, seu imenso sertão, vivenciava uma reconquista territorial que se fez por meio de uma guerra civil, entre o Estado nacional, as duas unidades federadas e quase uma dezena de coronéis latifundiários regionais que viram "suas terras" se valorizarem com a entrada do capital imperialista estadunidense (FRAGA, 2012;2017a;2017b).…”

“…No caso do Sertão do Contestado, há um discurso secular regional sobre os caboclos e as caboclas serem sertanejos vagabundos/as e preguiçosos/as para o trabalho. Isso confirma a falta, nesse longo período de pouco mais de cem anos desde o fim da Guerra do Contestado, de políticas públicas que amenizassem essa relação e gerassem condições para que a população cabocla fosse inserida regionalmente, coexistindo, em dignidade, com outros grupos humanos que reterritorializaram a região no pós-guerra (FRAGA, 2019;2010;2017c).…”