“…O autor traduz o estado de espírito dos artistas da época de forma que, "a partir daquele momento, viver no Brasil era encarar a tortura, a agonia, o tempo como sangrar. O passado é ruína, a redenção futuro, um ponto de fuga ilusório": Florescido no período ao AI-5, esse cinema é em geral assumido como resposta à repressão na linha agressiva do desencanto radical; sua rebeldia elimina qualquer dimensão utópica e se desdobra na encenação escatológica, feito de vômitos, gritos e sangue, na exacerbação do kitsch no culto ao gênero horror subdesenvolvido, esse produto da imaginação, misto de gibi e circo-teatro, cuja figura símbolo é o Zé do Caixão e cujo horizonte estético é À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964) Ainda segundo Xavier (2001), o Cinema Marginal ultrapassou de forma exponencial as ideias expressas pelo Cinema Novo. O autor apresenta a "Estética do Lixo" como a subversão dos padrões de produção tradicionais, ao questionar a elitização do Cinema Novo.…”