O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que tratou das disputas em torno dos significados de negritude presentes nas paisagens patrimoniais de Ouro Preto-MG entre as instituições de conservação da memória e os sujeitos que atualmente realizam naquela cidade uma festa de coroação de reis negros. As diferentes versões memoriais que concorrem pela representação pública das identidades negras são debatidas no texto a partir de dois eixos analíticos principais: os lugares e os itinerários simbólicos. Para a investigação foi adotada uma perspectiva interpretativa baseada na análise de documentos, obras artísticas, construções arquitetônicas e percursos turísticos, conjugados ao trabalho de campo de observância das festas e à condução de entrevistas. A imersão na paisagem ouro-pretana e a interação com os congadeiros possibilitou indicar o modo como os rituais do Congado produzem itinerários simbólicos insurgentes consoantes à ressignificação das imagens hegemônicas de negritude veiculadas pelos órgãos oficiais de conservação da memória.