Abstract:RESUMO Tendo como pano de fundo cenários de diversidade e multilinguismo ao longo de minha trajetória de pesquisa, focalizo, neste artigo, a migração haitiana no Brasil, migração essa que tomo como epítome do movimento acelerado de mudança na paisagem espaço temporal (e linguístico-comunicativa)no país.
“…O desconforto social estimulado pelo discurso midiático é discutido no trabalho de Cavalcanti (2019), no qual a autora analisa notícias publicadas entre os anos de 2013 e 2016 sobre a migração haitiana para o Brasil. Cavalcanti (2019) destaca como as notícias do período informavam o aumento da população haitiana no Brasil a partir de números de novos migrantes por dia e da apresentação de índices alarmantes, sem especificar qual o ponto de comparação das porcentagens apresentadas que, segundo a autora, "podem potencializar o desconforto social daqueles que veem a migração como 'ameaça' de competição em tempos de taxa alta de desemprego no país" (CAVALCANTI, 2019, p. 12).…”
Section: Revista De Letras Norte@mentosunclassified
Desde 2020, o mundo tem enfrentado uma das maiores crises sanitárias e socioeconômicas da história, a pandemia de COVID-19. No período em que o distanciamento social foi necessário para conter o avanço do vírus, a ONG Byenvini decidiu desenvolver ações de assistência linguística à população haitiana recém-chegada ao Brasil e repensar o que se entende por ensino de língua portuguesa. Nesse cenário, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de um recorte de um estudo etnográfico e suscitou questionamentos sobre a experiência de migrantes haitianos no Brasil no que tange aos processos de ensino e aprendizagem de língua no período da pandemia. Objetivo de analisar, a partir de uma perspectiva decolonial, a noção de língua como defesa que orienta políticas linguísticas nos processos das aulas de língua portuguesa conduzidas por um professor haitiano no Brasil.
“…O desconforto social estimulado pelo discurso midiático é discutido no trabalho de Cavalcanti (2019), no qual a autora analisa notícias publicadas entre os anos de 2013 e 2016 sobre a migração haitiana para o Brasil. Cavalcanti (2019) destaca como as notícias do período informavam o aumento da população haitiana no Brasil a partir de números de novos migrantes por dia e da apresentação de índices alarmantes, sem especificar qual o ponto de comparação das porcentagens apresentadas que, segundo a autora, "podem potencializar o desconforto social daqueles que veem a migração como 'ameaça' de competição em tempos de taxa alta de desemprego no país" (CAVALCANTI, 2019, p. 12).…”
Section: Revista De Letras Norte@mentosunclassified
Desde 2020, o mundo tem enfrentado uma das maiores crises sanitárias e socioeconômicas da história, a pandemia de COVID-19. No período em que o distanciamento social foi necessário para conter o avanço do vírus, a ONG Byenvini decidiu desenvolver ações de assistência linguística à população haitiana recém-chegada ao Brasil e repensar o que se entende por ensino de língua portuguesa. Nesse cenário, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de um recorte de um estudo etnográfico e suscitou questionamentos sobre a experiência de migrantes haitianos no Brasil no que tange aos processos de ensino e aprendizagem de língua no período da pandemia. Objetivo de analisar, a partir de uma perspectiva decolonial, a noção de língua como defesa que orienta políticas linguísticas nos processos das aulas de língua portuguesa conduzidas por um professor haitiano no Brasil.
“…Intitulado "Migrantes e língua(gens) da/na globalização contemporânea: Minorias nos (des) focos da mídia digital e impressa", o projeto que Marilda realiza in-vestiga o apagamento como estratégia semiótica de invisibilização dos imigrantes haitianos no Brasil e busca situar a trajetória desses sujeitos -que representa 10% dos fluxos recentes de imigrantes no Brasil -no contexto mais amplo de midiatização dessas identidades. Alguns artigos que resultam desse projeto são "O pós-ápice da migração haitiana no país em notícia recortada em portal de notícias: algumas notas sobre escolhas epistemológicas" (Cavalcanti, 2019), em que a autora toma a migração haitiana como "epítome do movimento acelerado de mudança na paisagem espaço temporal (e linguístico-comunicativa) no país" (p. 1), e "Threads of a hashtag: Entextualization of resistance in the face of political and sanitary challenges in Brazil", no qual Marilda e Ana Cecília analisam a viagem textual do tropo "acabou, Bolsonaro", enunciado por um imigrante haitiano a Jair Bolsonaro de forma a confrontar o presidente diante da tragédia sanitária que se abateu ao país (Cavalcanti & Bizon, 2020). A hashtag #acaboubolsonaro rapidamente se tornou "viral" e atingiu diversos espaço-tempos, de forma multi-e translíngue -o que aponta para a força digital da resistência "fractal" (Irvine & Gal, 2000) ao populismo reacionário de Bolsonaro.…”
Section: Grupos Minoritarizados E Reinvenção Da Linguística Aplicadaunclassified
RESUMO Este texto apresenta o número especial de DELTA “Pensando com Marilda Cavalcanti: Reinvenção da linguística aplicada, grupos minoritarizados e complexidade sociolinguística”. Em particular, o texto revisita a produção acadêmica e política de Marilda Cavalcanti, docente e pesquisadora que, ao longo de sua carreira no Departamento de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas, colaborativamente participou da produção de conceitos (e.g., educação linguística ampliada, Cavalcanti, 2013), metáforas (e.g., “línguas como caleidoscópios de recursos”, César & Cavalcanti, 2007; Cavalcanti & Maher, 2018), campos de pesquisa (e.g., educação indígena, práticas de linguagem em cenários sociolinguisticamente complexos) e instituições (e.g., a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB), o Departamento de Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp), os quais, historicamente, ajudaram a firmar o campo aplicado como área vibrante e promissora de produção de conhecimento sobre a linguagem em sociedade. Além desse panorama histórico, o texto detalha as contribuições ao número especial: dezesseis artigos de pesquisa que não apenas homenageiam o trabalho de Marilda Cavalcanti, mas também ajudam a ampliar o seu legado.
“…Apenas em 2019, 16.610 cidadãos haitianos solicitaram refúgio no Brasil, o que representa 20.1% do total de solicitações registradas pela Polícia Federal. A acentuada migração para o Brasil tem sido narrada de diferentes maneiras pelos discursos midiáticos ao longo dos anos (CAVALCANTI, 2019;COGO;SILVA, 2015;ALMEIDA;SANT'ANA, 2017), narrativas que implicam diretamente nas ideologias sociais sobre o migrante haitiano na sociedade brasileira.…”
Section: As Ideologias Sociais Sobre O Migrante Haitiano E Suas Impli...unclassified
O mundo tem enfrentado uma das maiores crises sanitárias e socioeconômicas da história, a pandemia de COVID-19. Nesse período em que o distanciamento social é necessário para conter o avanço do vírus, a ONG Byenvini decidiu desenvolver ações de assistência linguística à população haitiana recém-chegada ao Brasil e repensar o que se entende por ensino de língua portuguesa. Nesse cenário, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de um recorte de um estudo etnográfico e suscitou questionamentos sobre a experiência de migrantes haitianos no Brasil no que tange aos processos de ensino e aprendizagem de língua no período da pandemia. Objetivamos analisar, a partir de uma perspectiva decolonial, a noção de língua como defesa que orienta políticas linguísticas nos processos das aulas de língua portuguesa conduzidas por um professor haitiano no Brasil.
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