“…Sua preocupação era apreender a especificidade do domínio político em relação a esferas como a economia, a moral, a religião e a estética, definidas pela prevalência de outras antíteses: o bem e o mal, o belo e o feio etc. Aron, por sua vez, inaugura o ponto de vista que, no Brasil, será associado à "escola francesa do político" (LYNCH, 2010;CUNHA;LYNCH, 2021), ao distinguir dois sentidos da palavra "política" (os dois sentidos que, posteriormente, servirão de base à distinção entre "a política" e "o político"): "designa-se pela mesma palavra 'política' , por um lado, um setor particular do conjunto social e, por outro lado, o próprio conjunto social, observado de certo ponto de vista" (ARON, 1965, p. 24, tradução nossa). Como argumenta Moyn (2016), Aron inaugura, por meio dessa distinção, uma concepção fundacional do político, a qual não estava presente em Schmitt e que influenciará Lefort, quem acrescentará às intuições de Aron uma teoria da dimensão simbólica do político, oriunda de sua formação na fenomenologia.…”