O legado de Chicago e os estudos de recepção, usos e consumos midiáticos

Abstract

Este artigo busca articular alguns temas e conceitos propostos no quadro teórico geral da chamada “Escola Sociológica de Chicago” ao campo de estudos da recepção, dos usos e consumo midiáticos. Tradicionalmente considerada uma vertente do pensamento sociológico, a teoria da Escola de Chicago tem sido retomada por alguns/as pesquisadores/as da área pela grande pertinência para o estudo de fenômenos da comunicação, tanto em situações face a face quanto em interações comunicativas mediatizadas. A partir de uma releitura de textos clássicos desta escola de pensamento, nomeadamente os de William I. Thomas, George Herbert Mead e Herbert Blumer, são apontadas neste texto perspectivas teórico-metodológicas para o estudo de fenômenos comunicacionais contemporâneos.

A tradição norte-americana da mass communication research: da Escola de Chicago aos efeitos da mídia na opinião pública

“…Os estudos de mass media manifestam-se como um objeto de estudo relevante dentro do cenário da época, ao buscar entender como a comunicação de massa afeta os públicos, na tentativa de relacionar causas e efeitos. No entanto, para articular a compreensão do agenda-setting inserido no campo dos estudos midiáticos, é necessário voltarmos o foco à tradicional vertente de pensamento sociológico denominada como Escola de Chicago, a corrente teórica que influenciou de forma ampla pesquisadores da comunicação, dos estudos da recepção e dos usos e consumos midiáticos (Braga;Gastaldo, 2009). Nesse contexto, a comunicação se catapulta à categoria de elemento constitutivo dos processos conjunturais contemporâneos, e por consequência passa a ser enfatizada tanto no âmbito político como na prática das organizações, além de se tornar objeto de estudos e pesquisas que surgiram a partir da Escola de Chicago.…”

Quando a ordem da interação é interrompida: um olhar comunicacional para a experiência do autismo

“…Por essa razão costumamos relacionar os símbolos a uma espécie de convenção social, cuja compreensão é 2 Vertente ligada à sociologia norte-americana do final do século XIX, com a participação de estudiosos como William James, George Mead e Charles Peirce. Suas características mais evidentes podem ser consideradas a pesquisa empírica (notadamente, a etnografia), a análise de situações cotidianas dos sujeitos e a abordagem do fenômeno urbano (BRAGA; GASTALDO, 2009). Considerando essa visão interacionista, o processo de trocas entre os indivíduos acontece por meio de uma tríade comunicativa que envolve gestos, estímulos e respostas, cada qual com a sua devida contribuição para o completo ciclo da mensagem.…”

Consumo, marcas e opinião pública: a influência da publicidade de marcas na formação da agenda pública

“…Sendo assim, os estudos de mass media manifestam-se como um objeto de estudo relevante dentro do cenário da época, ao buscar entender como a comunicação de massa afeta os públicos, na tentativa de relacionar causas e efeitos. No entanto, para articular a compreensão do agenda-setting inserido no campo dos estudos midiáticos, é necessário voltarmos o foco à tradicional vertente de pensamento sociológico denominada como Escola de Chicago, a corrente teórica que tem influenciado de forma ampla pesquisadores da comunicação, dos estudos da recepção e dos usos e consumos midiáticos (BRAGA; GASTALDO, 2009).…”

“…Quadro 1 Evolução da tradição norte-americana da comunicação Fonte: Elaboração do autor, a partir de Hohltfeldt (1997) ;Barros Filho (2004); Brum (2003); Kawano;; Braga e Gastaldo (2009); Magalhães (2014); Jacks (2015); Brandi (2017).…”

“…Cabe ainda destacar que os algoritmos têm sim a função de gatekeeping e gatewatching na internet, e de forma mais acentuada ainda nas mídia sociais digitais. Por consequência de como funcionam, elas aumentam as bolhas sociodigitais, intensificando o efeito de saliência e promovendo o agendamento, principalmente nos grupos de alta aderência as temáticas.Todos esses aspectos validam nossa proposição de fluxo de influência da publicidade de marcas na agenda pública, e apontam diretamente para o fato de que as marcas são mais do que influenciadoras são formadoras de opinião.Também, situar e analisar a relevância dos estudos acadêmicos sobre a publicidade, as marcas e o agenda-setting; identificar por meio de monitoramento de longo prazo, se há ações publicizadas de marcas relacionadas a uma categoria de valores e causas que tenham sido agendadas nas redes sociais digitais(Twitter, Facebook e Instagram), analisando esses casos e seus efeitos; corroborar que as aderências individuais, positivas ou negativas aos valores e causas podem ser pré-requisitos para despertar a atenção dos receptores-consumidores, no que diz respeito à publicidade de marcas e à sua influência no agendamento; e averiguar percepções sobre a relação entre marcas, causas e publicidade, a práxis em relação aos rituais de consumo da publicidade de marcas e as narrativas relacionadas à publicidade de marcas na agenda pessoal e na agenda das redes, gerando debate na agenda pública.promoções, ativações e ações das marcas na formação da agenda pública, fato que, em nossa perspectiva, torna-se cada vez mais importante tanto quanto preocupante, principalmente considerando os Também foi possível destacar a importância da Escola de Chicago e dos estudos dos efeitos para pesquisadores da comunicação, dos estudos da recepção e dos usos e consumos midiáticos (BRAGA;GASTALDO, 2009). Igualmente, ao nos aprofundarmos no fato de que o agenda-setting trata, em grande parte, da seleção feita pela mídia daquilo que será debatido pela sociedade, estamos discutindo sobre a opinião pública.Mais uma das mudanças que verificamos se refere aos níveis do agendamento, que na proposta inicial considerava apenas o primeiro nível, que trata do enquadramento do objeto (assunto), e o segundo nível, que trata do enquadramento dos atributos do objeto (qualidades).…”