O FIM DO SILÊNCIO: presença negra na Amazônia Coleção PPGH Volume 5

Situando as relações raciais e representações sobre mestiçagem em escolas acrianas

“…As diferentes estruturas do discurso, como os sentidos, a forma e a ação, demonstraram como o discurso racista se manifesta, por vezes, de forma muito sutil no cotidiano, mas também demonstraram que nessas trocas as relações de poder simbólico (BOUR-DIEU, 1998, 2011 atualizavam rotineiramente as relações de força entre os locutores e seus respectivos grupos.…”

“…O que esses trabalhos de algum modo propõem é a reflexão sobre a "visibilidade/ invisibilidade" da presença do outro racial, e estão em constante disputa nas escolas com outros discursos e mitos fundacionais, culturais etc. Segundo Sampaio (2011), o primeiro desafio dos estudos sobre populações negras na Amazônia é a sua invisibilidade, já que se constituiu quase regra, nos trabalhos sobre escravidão negra na Amazônia, a ideia da reduzida presença africana/negra na economia regional, fundada, predominantemente, sobre o trabalho indígena. Segundo a autora, as avaliações não podem ser balizadas apenas pela leitura de números modestos e sim pelo fato dos escravos, negros forros e mulatos, ajudarem a marcar o mundo colonial com suas experiências históricas.…”

Festa Do Povo Negro: Protagonismo Africano No Boi-Bumbá Garantido De Parintins

“…Neste sentido, concorda-se com Sampaio (2011), para quem compreender os modos como a escravidão se estabeleceu no Brasil e as formas como se enraizou no jeito brasileiro de pensar, é tema fundamental para as diversas áreas do conhecimento acadêmico, incluindo as Artes, História, Psicologia, Antropologia e Ciências Sociais. Isto por si só justifica a realização da pesquisa aqui empreendida, que se foca nas diásporas africanas na Amazônia, tema ainda mais negligenciado pela literatura científica.…”

“…Com a Fundação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, a partir da segunda metade do século XVIII, verifica-se um aumento do número de negros e negras escravizados/as na Amazônia. Entretanto, mesmo com a região amazônica inserida no império escravista, o tratamento Adan Renê Pereira da Silva ____________________________________________________________________________ dado aos/às escravizados/as negros/as continuou a ser acessório (SAMPAIO, 2011). Figueiredo (1976) aponta para mais de 53.000 o número de escravizados/as africanos/as entrados na Amazônia pelo Porto de Belém.…”

fantasma da desordem

“…E essa negação -na verdade, distorção -parece ser ainda mais forte em Manaus, onde o impacto foi mais modesto quando comparado a outras regiões do Brasil. Contudo, sobre a presença de africanos na região amazônica, ressalta ainda Patrícia Sampaio (2011), não pode ser dimensionada e avaliada sob a lógica quantitativa. A autora reforça que não se deve olhar a sociedade escravista sob esse viés, ao contrário, ela não se limita a número de escravos disponíveis nos plantéis, mas antes, é necessário compreender as experiências desses sujeitos sociais diante das relações de subordinação e de poder que dão a tônica ao próprio sistema escravista.…”