“…Isso, porém não tocava em questões caras à cidadania, não alterando a visão negativa do sistema de justiça, avaliada como elitista, morosa, de difícil acesso, e portanto, que cumpria mal o papel de efetivação da justiça. Não é, obviamente, um problema apenas do sistema de justiça, uma vez que o Estado como um todo continuou a ser objeto de críticas, algumas alimentadas por questões ideológicas.Nesse sentido, na sombra das discussões sobre o Estado Nação que, na década de 1980, avançam nos países desenvolvidos, em particular com os governos conservadores dos Estados Unidos (Ronald Reagan) e Inglaterra (Margaret Thatcher), desenvolvem-se processos de reformas no Estado, sob o argumento de que este carecia de ajustes que o sintonizasse com o mercado e o colocasse em consonância com uma economia liberalizada -o que representava uma reavaliação do estado de bem-estar social então vigente na Europa, por exemplo.36 Há uma estrutura de incentivos para as mudanças, essas são determinadas desde fora, exogenamente, embora a coordenação das mudanças esteja vinculada a razões internas, endógenas, ou seja, os mecanismos internos de organização têm importância para o resultado final do processo de mudança, mesmo que a motivação e as soluções propostas sejam em grande medida externas.de instrumentos que permitissem monitorar o desempenho organizacional e orientar práticas voltadas à otimização da alocação de recursos e à melhora dos serviços prestados pela administração pública(BATISTA, 2009).Nessa sintonia, o Banco Mundial lidera um movimento de modernização da governança, propondo a instituição de Indicadores de Governança Mundial. Assim, em 1998, o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai publicar os Indicadores de Governança Mundial (BURKI; PERRY, 1998), que definiria um conjunto de medidas político-institucionais que países não desenvolvidos deveriam aplicar, por meio de reformas do Estado, para promover um maior desenvolvimento e, portanto, assegurar financiamento internacional.No caso brasileiro, a reforma do Estado entra na agenda dos governos eleitos após a reabertura política do país, e já sob a vigência da nova Constituição Federal de 1988, em particular durante os governos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002):37 Nome que foi cunhado pelo economista John Willianson.38 "Quanto mais agressivo e amplo for o pacote de reformas, mais confiáveis serão as intenções do governo".…”