Objetivo: Avaliar como o programa Mais Vida nos Morros, implementado na Vila Burity, no bairro da Macaxeira, na Zona Norte do Recife (PE), transformou a relação das crianças com o espaço público urbano em que estão inseridas.
Metodologia: Realizou-se um estudo de caso naturalista, com abordagem qualitativa e descritiva. Dados e informações foram coletados através de levantamentos documentais, entrevistas semiestruturadas e observações não participantes. A interpretação e análise se deu pela agregação categorial e análise qualitativa básica, de modo que os achados foram codificados e classificados em três categorias: “processo de intervenção”, “participação infantil” e “consequências da intervenção”.
Resultados: Observou-se que o programa realizou intervenções pautadas nos princípios de urbanismo tático, criando, por exemplo, áreas de lazer e convivência direcionadas às crianças, o que fez com que elas se reapropriassem dos espaços públicos, atribuindo vitalidade às ruas e calçadas e, consequentemente, aumentando a sensação de segurança. Não obstante, os espaços de participação infantil criados foram temporários, de forma que, decorrido algum tempo, as crianças voltaram à invisibilidade, não tendo a oportunidade real de exercer seus direitos, com destaque ao direito à cidade.
Originalidade: Constatou-se que o programa, a despeito de sua proposta ambiciosa, alcançou resultados aquém dos prometidos — e almejados — pelo poder público na Vila Burity, o que não significa que as iniciativas tenham sido um desperdício de esforços, mas implica dizer que elas deveriam ser regularizadas e reforçadas, numa rotina de trabalho contínuo.
Contribuições teóricas e práticas: Contribuiu-se, aqui, com os estudos nas áreas da sociologia da infância, de políticas públicas e de planejamento urbano. Ademais, teceram-se sugestões de melhorias e de ações, visando subsidiar o aperfeiçoamento desta e de outras políticas públicas semelhantes.