Neste artigo, procuramos investigar o processo de construção e mediação editorial de uma série documental produzida pelo jornal Estado de Minas, denominada Vozes de Mariana, que trata sobre os atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. Em uma perspectiva discursiva, analisamos a edição de três entrevistas presentes na série com base nos registros brutos dos vídeos e nos editados. Para tanto, o quadro teórico metodológico foi constituído a partir das proposições do linguista francês Charaudeau sobre imaginários sociodiscursivos e patemização. Concluímos que, apesar de a produção audiovisual passar por vários processos e etapas, é na edição que é possível definir o enquadramento e deixar transparecer os efeitos de sentido imaginados e propostos. Dessa forma, temos uma versão produzida pelo veículo de comunicação, e, por isso, as filtragens realizadas para a construção do produto final chamamos de portagem sociodiscursiva.