“…Neste terreno, vale ler a crítica de Scholz (2019) ao enfoque da colonização 2 , considerado anacrônico pela autora, pois preso a uma época histórica passada, ao conceber a expropriação em sentido transhistórico para analisar fenômenos novos, sob o capitalismo neoliberal.É o caso do teorema da expropriação de Dörre, cujo cerne é a dialética do dentro-fora, ou interno-externo, isto é, o entendimento de que o capitalismo é um sistema incapaz de se reproduzir por si só, que depende da expansão sobre espaços não capitalistas para seguir em frente. Movimento não limitado à dimensão socioespacial ou físico-material, como ensina Harvey (2002;2004;2011), seguido por Dörre, que também abandona a problemática do consumo (de Luxembrugo) para relacionar crises à sobreacumulação (Harvey, 2004).Para Dörre (como em Harvey), os processos de expropriação não se limitam ao apossarse de um outro, de espaços nada ou pouco mercantilizados, e abarcam a criação contínua de um outro, como seria o caso no ressurgimento do mecanismo de exército industrial de reserva nos países do Norte global, formado pelos trabalhadores excluídos do mercado de trabalho e 1 Angelita Matos Souza, Cientista Social, mestre em Ciência Política, doutora em Economia, libre-docente pelo IGCE-UNESP, onde é professora. 2 Colonização é como aparece na tradução portuguesa de Scholz (2019).…”