Este artigo aposta nas artes, especificamente nas intervenções de rua em formato lambe-lambe e na escrita narrativa, como formas de partilha do sensível (RANCIÈRE, 2005) e de circulação de afetos (SAFATLE, 2015; ESPINOSA, 2009) entre humanos e cães ‘de rua’ quando nela eles se encontram. Parte-se da afirmação de que há uma relação de poder (FOUCAULT, 2007), sujeição e assujeitamento entre esses viventes, adota-se a premissa de que é necessário rompê-la para acessar as potencialidades não hierarquizadas do encontro entre eles e apresenta-se uma discussão conceitual sobre como esse encontro pode, pelas sensações e sensibilidades que aí se despertam, atuar nesse rompimento, possibilitando aos segundos outras configurações espaciais e existenciais. Algumas experimentações feitas com narrativas e lambe-lambes produzidos como parte de uma pesquisa de mestrado são apresentadas.