“…Essa concepção de abertura do setor educacional -principalmente a educação superior -para a exploração privada inseriu-se na necessidade do capital de expandir mercados, como já tratamos. Segundo Lima (2002), o processo de avanço dos interesses privados na área educacional ocorreu de duas formas: (1) com a liberalização dos serviços educacionais e a expansão de instituições privadas superiores de ensino e (2) com o processo de privatização interno sofrido pelas instituições públicas, por intermédio das fundações de direito privado, das cobranças de taxas e mensalidades, da redução dos trabalhadores em educação com a não-abertura de concursos públicos e o corte de verbas para infraestrutura. Lima (2002) observa que esse duplo movimento se encontra presente no documento La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia, publicado pelo BM, em meados da década de 1990, e que apresenta quatro estratégias para a reforma da educação na América Latina, Ásia e Caribe: a diversificação das IES's (universidades públicas, privadas e instituições não-universitárias, com cursos politécnicos, cursos de educação à distância e cursos de curta duração); 46 a diversificação das fontes de financiamento, com a mobilização de mais fundos privados para a educação superior, o apoio aos estudantes qualificados que não podem custear os estudos superiores e a melhoria da utilização dos recursos fiscais entre e dentro das instituições; a redefinição das funções do Estado: de um executor da política para a de um agente facilitador de um novo marco político e jurídico que garanta as diretrizes privatizantes da educação superior; a implantação de uma política de "qualificação" da educação superior, concebida a partir do eficiente atendimento aos interesses do setor privado.…”