O efeito do relevo nas chuvas na porção central do Estado de São Paulo em anos padrão extremos

Abstract

A precipitação é um elemento particularmente importante e variável no tempo e espaço, cuja ocorrência de eventos extremos tem potencial de ocasionar impactos significativos à população. Nessa perspectiva, a orografia é um fator que pode contribuir nesse processo desencadeado pela atmosfera, apresentando influências espaciais por meio das particularidades regionais de cada superfície topográfica e geomorfológica. Em vista disso, o presente estudo optou por investigar uma região que envolve 16 municípios localizados na porção central do Estado de São Paulo, inseridos numa área de transição geomorfológica, de relevância ecológica e palco de sucessivas ocorrências de eventos extremos de chuva. Nessa área de estudo, foram empreendidos esforços para definir anos-padrão representativos da dinâmica atmosférica habitual e excepcional da precipitação, realizou-se uma análise espacial das chuvas e selecionou-se os dois anos mais representativos do padrão extremo chuvoso e seco (1983 e 2014, respectivamente) para uma análise detalhada do ritmo climático, buscando avaliar a participação e repercussão do relevo na distribuição das chuvas na região observada. Dessa maneira, verificou-se que o relevo apresentou uma significativa influência nas precipitações, com destaque para chuvas mais intensas em morfoestruturas de serras e cuestas existentes na região, fator que possivelmente continuará influindo na distribuição e intensidade das chuvas sobre a área estudada.

Análise espaço-temporal da precipitação na região central do estado de São Paulo utilizando dados CHIRPS

“…Segundo Santos et al (2020), a circulação atmosférica foi, nitidamente, distinta em ambos os anos, sobretudo durante o primeiro semestre, reproduzindo numa dinâmica hidroclimática discrepante e denotando um processo que resultou em chuvas intensas no verão do ano de 1983 e, em uma acentuada e prolongada, estiagem no ano de 2014 para a região central do estado de São Paulo.…”

“…Ainda foi possível notar que, nos últimos anos, os valores de SPI vem apresentando uma classificação contínua de anos secos, ou seja, as chuvas estão se distanciando do padrão habitual para a área de estudo. Esse aumento no padrão de anos secos também foi evidenciado na região por Santos et al (2020Santos et al ( e 2021.…”

“…Portanto, a presença marcante de regiões orográficas também pode influenciar nos valores de chuvas (Dinku et al, 2011, Rahman et al, 2009, Toté et al, 2015 e, com isso, resultar em um comportamento pluviométrico distinto por efeito orográfico em relação a outras áreas onde o relevo é mais plano (Santos et al 2020;.…”

A Cartografia de Síntese como Instrumento para a Avaliação do Potencial da Dinâmica Erosiva Linear em Domínio de Cuesta

“…Segundo Monteiro (1973), a região de estudo se insere na subunidade intitulada de Centro-Norte, com climas regionais tropicais alternadamente secos e úmidos, os quais fazem parte dos climas zonais controlados por massas equatoriais e tropicais. Santos, Fontão, Souza (2020) avaliando anos úmidos e secos, constataram que as passagens frontais são responsáveis pela maior umidade; já o domínio de massas de ar tropical produziu tempo estável e longas sequencias de dias secos, resultando em ano seco. Os autores ainda afirmam que a orografia, derivada do relevo de cuesta, "apresentou uma significativa influência nas precipitações" (SANTOS; FONTÃO; SOUZA, 2020, p. 144) Por fim, no que concerne ao uso e ocupação da terra, Pinton (2011), em estudo aplicado à bacia do Córrego Cavalheiro, área vizinha ao setor analisado, constatou que desde 1962 o uso da terra predominante constitui-se em pastagens, com predominância de pastos limpos destinados à pecuária.…”

O efeito do Planalto Ocidental Paulista na Variabilidade e nos Anos Extremos das Chuvas no período de 1979-2019

“…Utilizou-se a ferramenta do desvio-padrão em relação à média, que estabelece categorias a partir dos valores dos desvios, podendo os agrupamentos serem avaliados qualitativamente para o comportamento da precipitação do período e no processo de classificação dos anos extremos (SILVESTRE et al, 2013;BUFFON E BINDA, 2014;SANTOS et al, 2020).…”