O duplo caráter do direito à existência: luta de classes e articulação estrutural das contrarreformas sociais, políticas e ambientais

Abstract

<jats:p>O artigo busca, a partir da tradição marxista e desde a sugestão formulada por Daniel Bensaïd, evidenciar o duplo caráter do Direito à Existência, este caracterizado como salvaguarda à reprodução da vida e como mediação à afirmação política das classes trabalhadoras e setores oprimidos da sociedade. Olhando para a contemporânea realidade brasileira, possuindo caráter eminentemente teórico e pautado no método materialista- histórico, demonstra como as contrarreformas direcionadas aos direitos sociais guardam articulação estrutural com os ataques direcionados ao meio ambiente, reclamando contraposição do mesmo modo convergente dos movimentos sociais na assunção de bandeiras ecológicas.</jats:p>

Ecossocialismo e humanismo

“…De outro, resulta da qualidade e sentido postos à luta de classes contemporaneamente, em que a percepção da indissociabilidade -ainda que desde uma expressão negativa -da ofensiva do capital contra as classes trabalhadoras e a natureza se mostra direta e contundentemente. O liame indissociável entre social, o político e o ambiental, muito embora bastante mais evidente no processo de contrarreformas experimentado no país (SEFERIAN, 2020), também se expressa em proposições ofensivas do conjunto dos oprimidos e oprimidas, mais perceptíveis quando lançamos nossos olhos a uma escala global. A greve de milhões de camponeses e camponesas na Índia no curso de 2021 (DHAR, 2021) e as resistências postas contra o neoextrativismo na América Latina por comunidades indígenas e camponesas (SVAMPA, 2019) são exemplos deste processo.…”