“…Tendo em vista a hipótese delineada, ressalto que a discussão proposta dialoga com pesquisas recentes que vêm avançando na análise sobre a obra de Cardoso, seja para pensar o sentido que o marxismo nela assume (Lima, 2015), seja para localizá-la no debate da "nacionalização" do repertório marxista (Belinelli, 2019;Gonçalves, 2018). É importante assinalar, também, que boa parte da fortuna crítica de Cardoso destaca a política como variável fundamental de seus trabalhos, na chave de sua centralidade para uma ref lexão mais densa sobre o plano econômico (Hadler, 2013;Leme, 2015), qualificando-o ainda, em alguns casos, como "politicista" (Cotrim, 2001;Lahuerta, 1999). Assim, procurarei contribuir para o debate sobre sua obra, situando-a diante do campo da sociologia histórica, uma vez que sua perspectiva é recorrentemente negligenciada por trabalhos que propõem um mapeamento da área e de suas principais contribuições (Delanty & Isin, 2003;Skocpol, 1984;Smith, 1991) ou é tratada de forma lateral, sem maiores esforços de sistematização (Adams et al, 2005).…”