O texto apresenta uma reflexão a respeito de formas de memória do cangaço, fenômeno de banditismo do Nordeste brasileiro, como um dito tema sensível nacional. Tem como problema estruturante sua transformação pelas mídias técnicas, com atenção ao lugar de imagens dos restos mortais dos cangaceiros, em contexto de expansão globalizada da cultura da memória a partir do terço final do século XX. Para a análise, suscita um debate simultâneo, em cada uma das suas partes, sobre as políticas de memória relacionadas a diferentes tipos de arquivamentos, enfatizando casos do cangaço; as singularidades dos arquivos públicos, pessoais e digitais que têm mais circulação na cena pública do tema; os lugares de fotografias entre-imagens distintas, destacando principalmente registros das cabeças cortadas e/ou mumificadas de cangaceiros. Na base da proposta, os estudos da Memória Cultural, de teorias do Arquivo e da Cultura Visual, em que se enfatiza como tais áreas repensam suas epistemologias diante do universo virtual. Daí surgem notas propositivas que visam a contribuir com a agenda de estudo contemporânea do assunto, para além da questão nacional, como algumas que despontam em escala mais global de investigação histórica.