No ano em que se completam os 30 anos da morte do antropólogo argentino Néstor Perlongher e os 35 anos da publicação de seu livro O negócio do michê: A prostituição viril (1987), somos brindados com a obra Se manque! Uma etnografia do carnaval num pedaço LGBT da Ilha de Santa Catarina, de autoria do antropólogo Marcos Aurélio da Silva.O livro é resultado da dissertação de mestrado de Marcos, defendida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação da antropóloga Sônia Weidner Maluf -que o prefacia em 2003 e tem como um dos suportes teóricos basilares o trabalho de Perlongher. Não por acaso, uma das categorias analíticas centrais ao longo da obra é territorialidade. De acordo com Marcos, Alguns estudos que têm abordado a diversidade sexual, encontram na territorialidade a possibilidade de pensar os sujeitos não como ocupantes de papéis rígidos de uma estrutura social, mas na sua relação com o espaço, físico ou simbólico, pois é nesses espaços que a sociabilidade dessas pessoas se inscreve e dá significado ao corpo social (Perlongher, 1987 apud Silva, 2021.