A atual cultura da imagem perfeita intensamente divulgada pela mídia aumenta a frustração de não corresponder aos padrões impostos. Considerando a alta carga de afazeres dos acadêmicos de medicina, surgem meios alternativos e inadequados de atingir esses modelos. O aumento de casos de transtornos alimentares, bem como os seus impactos preocupam os profissionais de saúde, que buscam entender a sua etiologia para adequar possíveis prevenções e tratamentos. Avaliar a prevalência dos riscos de desenvolver transtornos alimentares dos acadêmicos de medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, inclusive os aspectos psicológicos e socioculturais envolvidos. Foi realizado estudo descritivo, observacional e transversal, através de um questionário online respondido voluntariamente por 201 acadêmicos de medicina da faculdade. Com a aplicação do questionário SCOFF-BR, 76 participantes apresentaram risco de desenvolver transtornos alimentares. Deste grupo, 65 são mulheres e 11 são homens; 60 estão insatisfeitos com o próprio corpo; 49 deixam de fazer algo por vergonha do físico; 68 se comparam com outros físicos na internet, 40 têm sono inadequado e, por fim, 54 relatam tempo insuficiente para a prática de hábitos saudáveis. Concluiu-se que um número significativo apresentou riscos para desenvolvimento de transtornos alimentares e, consequentemente, a necessidade de uma abordagem completa e especializada, com destaque para o sexo feminino. Constatou-se que o contexto multifatorial envolve altas cargas horárias, autoexigências, distorção de imagem, baixa autoestima, sono insuficiente, influências da mídia. Tais fatores acentuam a incidência do distúrbio e a necessidade de estratégias para o ambiente acadêmico.