Historicamente, as mulheres representam a quase totalidade de educadores quando se trata da Educação Infantil no Brasil. Esse fato deve-se, em grande parte, ao histórico da formação do quadro magisterial em nosso país, o qual sempre levou em conta aspectos reprodutores da lógica binária de gênero na divisão sexual do trabalho. A partir de observações de caráter etnográfico e entrevistas com professoras em uma instituição de Educação Infantil da cidade de São Paulo, esta pesquisa busca verificar se há um mecanismo de orientação heteronormativa que visa a perpetuação do modelo da professora maternal através de regulação de seus corpos e como os corpos de professoras e crianças foram influenciados pela pandemia de COVID-19 no contexto do governo de Jair Bolsonaro, analisado a partir das obras de Judith Butler, Michel Foucault, Guacira Lopes Louro e outros autores que discutem questões de gênero, identidade, linguagem, produção social do corpo e governamentalidade.