Nível de conscientização de produtores de hortaliças quanto ao uso de agrotóxicos nos Municípios de Goiatuba e Morrinhos, Estado de Goiás, Brasil

Abstract

Objetivou-se avaliar o nível de conscientização dos produtores de hortaliças quanto ao uso de agrotóxicos em Goiatuba e Morrinhos, Sul de Goiás. A pesquisa foi realizada com 20 produtores utilizando-se um questionário. Constatou-se que a produção de hortaliças é realizada em policultivo, em pequenas áreas, com mão de obra familiar. Entretanto, a escassez de assistência técnica é um gargalo que impede a otimização do processo produtivo. A maioria dos produtores pertence ao sexo masculino e apresenta ensino fundamental incompleto. Os inseticidas e herbicidas são os agrotóxicos mais empregados, sendo as pulverizações efetuadas à tarde com pulverizador costal manual. Embora 95% leiam a bula, também foi constatado que os produtores não têm conhecimento adequado sobre classificação toxicológica. Nenhum dos produtores utiliza os equipamentos de proteção individual completo e há relatos de mal-estar mediante o uso desses produtos. O armazenamento dos agrotóxicos é feito em barracões fechados junto com implementos agrícolas, sendo que 55% não realizam misturas de caldas no tanque. A sobra da calda é utilizada em outra aplicação e as embalagens vazias são devolvidas na revenda. O gasto com agrotóxicos representa de 1 a 5% do custo de produção das hortaliças que são comercializadas em feiras livres e verdurões. Conclui-se que, em função do nível de conscientização intermediário, os produtores de hortaliças precisam ser melhor orientados e assistidos quanto ao uso dos agrotóxicos, por meio de ações voltadas para a segurança e instrução técnica, a fim de evitar futuros problemas de saúde e ambientais.

Agrotóxicos e Chapada Diamantina: consumo e saúde de pequenos agricultores do agropolo de Mucugê e Ibicoara, Bahia

“…Por outro lado, estudos realizados por Bedor et al (2009) (Scharmach, Silva & Campos, 2020). De maneira geral, a utilização de EPIs é uma prática pouco frequente entre agricultores brasileiros (Soares, Almeida & Moro, 2003;Delgado & Paumgartten, 2004;Castro et al, 2011, Fraxe et al, 2020) e as principais justificativas são a falta de recurso financeiro para aquisição do equipamento e o incomodo que o EPI proporciona (Jacobson et al, 2009;Costa et al, 2020).…”

“…Uma pesquisa recente realizada com produtores de hortaliças nos municípios de Goiatuba e Morrinhos (GO) apontou que 75% dos entrevistados não recebem assistencialismo rural (Costa et al, 2020). Valores próximos aos observados por Fraxe et al, (2020), na comunidade de Nova Esperança, município de Rio Preto da Eva (AM).…”

“…Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) os organofosforados são os agrotóxicos responsáveis pelo maior número de intoxicações e mortes no Brasil (Castro et al, 2011;Costa et al, 2020). Entretanto, episódios de intoxicação leve ou moderada por organofosforados podem, inclusive ser confundidos com estados gripais (Delgado & Paumgartten, 2004).…”

“…Devido ao perigo que essas substâncias representam quando utilizadas de maneira inadequada, torna-se imprescindível que o produtor tenha algum tipo de orientação especializada. Em produtores rurais de hortaliças no estado de GO, 50% dos entrevistados afirmaram receber orientação Research, Society and Development, v. 9, n. 12, e5491210788, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i12.10788 sobre o uso dos agrotóxicos com o funcionário da revenda (Costa et al, 2020), enquanto que, 38% dos produtores de hortaliças do estado da BA, no município de Conceição do Jacuípe receberam orientação com os próprios vizinhos (Marques et al, 2010).…”

“…Apesar disso, os agricultores parecem não ter percepção dos riscos a sua saúde (Lopes & Albuquerque, 2018). Dos 20 produtores rurais dos municípios de Goiatuba e Morrinhos (GO), apenas 60% dos entrevistados obtiveram acerto quanto ao entendimento da classificação toxicológica indicada pelas faixas dos produtos fitossanitários (Costa et al, 2020). Segundo os mesmo autores, esse resultado indica que muitos produtores rurais não sabem diferenciar os riscos relacionados ao manuseio e/ou aplicação dos agrotóxicos, principalmente, as de faixa amarela, que são classificados como altamente tóxicos e obtiveram a maior porcentagem de erro dentre os entrevistados.…”