No ano de 1997 são publicados três artigos que, de maneira independente, agem para fundamentar que o exemplo de interpretação oferecido por Nietzsche em GM III não é a passagem de Zaratustra, localizada como epígrafe, mas a primeira seção da “Terceira dissertação”. Os artigos mencionados são: Wilcox (1997), Janaway (1997) e Clark (1997). No entanto, o presente texto pretende mostrar que esse exemplo de interpretação tem motivações muito aquém do estatuto e da forma aforística assumidas por Nietzsche, uma vez que faz parte de uma tentativa de divulgação quantitativa de seus textos. Com isso, a correção dos rumos realizada por Wilcox, Janaway e Clark não revelam nenhum preceito interpretativo emblemático para a forma aforística. O aforismo, assim, permanece como um empreendimento expressivo que não pode ser acessado e esgotado apenas a partir de uma exegese que converta a concisão num ensaio mais longo. A correlação entre texto e vivência, por fim, mantém-se como um desafio ao intérprete.