ResumoA dor é um fenômeno complexo, estando, muitas vezes, associada a condições limitantes. Muitas manifestações neuropáticas, as quais têm como sintoma sensação dolorosa intensa, continuam, ainda, sem tratamento. Em diversas outras patologias, quando há a disponibilidade, os efeitos colaterais constituem fatores de limitação para a terapia crônica. Vários estudos apontam para uma grande variedade de substratos neurais que podem ser alvos de intervenção farmacológica no controle da dor. Nesse contexto, as neurotoxinas derivadas de venenos de animais fornecem uma fonte vasta e, até certo ponto, inexplorada de compostos neuroativos. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi o de descrever as neurotoxinas atualmente estudadas que podem ser utilizadas na prática clínica para o controle da dor.Palavras-chave: Dor. Analgésicos. Neurotoxinas.
IntroduçãoHá milhões de anos, durante um contínuo processo evolutivo, vários animais invertebrados têm desenvolvido um conjunto de substâncias com atividade biológica nos seus venenos, que são usadas, principalmente, para paralisarem presas e/ou defender-se contra predadores.Quando inoculados em seres humanos, esses venenos podem induzir reações alérgicas e diversas alterações do Sistema Nervoso Central (SNC), como sonolência, paralisia e convulsões. Essas substâncias que têm atividade sobre o SNC 1 Bióloga, Doutora em Psicobiologia (USP). Professora da UnB, Distrito Federal, Brasil. 2 Médico, Doutor em Genética (USP). Professor do UniCEUB e da Faculdade LS, Distrito Federal, Brasil. email: Luzitano-ferreira@uol.com.br.