Negro na universidade, branco no trabalho de campo

Abstract

Este texto visa refletir acerca do processo de inversão das lógicas de pesquisa em antropologia, processo pelo qual os “outros” passam a desempenhar o papel de pesquisadores. Farei isso através de relatos em primeira pessoa, a partir de algumas experiências de pesquisa em comunidades quilombolas da Amazônia paraense, onde a naturalização da “antropologia dos brancos” fez com que alguns moradores me tratassem como um pesquisador branco, quando sou negro. Tal fato me fez refletir sobre ações afirmativas, representação, racismo institucional e a necessidade urgente de enegrecermos os espaços universitários.

Representatividade Negra Na Ciência: Estratégia Didática Sobre a Importância E Contribuição De Cientistas Negros Em Turmas De Ciências Em Uma Escola Pública De Pinheiro - Ma

“…Para Domingues (2018), a pouca presença do negro nas universidades, implica no número pequeno de pesquisadores negros, configurando este um espaço de socialização branca ao longo da história. Nesse sentido, a ocupação desses espaços que foram em outrora negados à população negra, contraria a lógica das privações e negações culturalmente imposta a eles, rompendo as barreiras da desigualdade, assim construindo novos saberes, pautado em um conhecimento antirracista (SILVA; EUCLIDES, 2018).…”

“…Nesse sentido, a ocupação desses espaços que foram em outrora negados à população negra, contraria a lógica das privações e negações culturalmente imposta a eles, rompendo as barreiras da desigualdade, assim construindo novos saberes, pautado em um conhecimento antirracista (SILVA; EUCLIDES, 2018). Dessa forma, segundo Domingues (2018) é preciso que a academia rompa com vícios coloniais no que tange o acesso aos espaços acadêmicos, em busca de novas configurações.…”

Samba and Surveillance: Censorship and Black Music during Brazilian Military Rule, 1964–1985

“…Likewise, Quilombo , a weekly world-class newspaper produced by the TEN, which published 10 issues from December 1948 to July 1950, was built on the participation of highly acclaimed white and black national and international collaborators (see, e.g., Domingues, 2008; Alberto, 2011). The journal explored issues of the black diaspora around the world and sought to unite the greatest minds in the Brazilian arts and sciences, whites and blacks, and to launch an original project of resistance against racism in Brazil (Nascimento, 2003: 11).…”

Um longo caminho: a aprovação da lei 10.639/03 como fruto da luta do movimento social negro pelo direito à educação (1889-2003)

“…Dessa maneira, nessa primeira fase Ensino & Pesquisa, União da Vitória, v.16, n.3, p. 114-138, julh./set., 2018Vitória, v.16, n.3, p. 114-138, julh./set., . 117 (1889Vitória, v.16, n.3, p. 114-138, julh./set., -1937, os "homens de cor"como em geral se autodenominavam -, se organizaram em várias associações, grêmios e clubes e passaram através delas a reivindicar direitos civis, sociais e políticos: Bandeirante (1918), O Getulino (1923, O Clarim da Alvorada (1924), A Tribuna Negra (1928), O Quilombo (1929, A Voz da Raça (1930), dentre muitos outros (DOMINGUES, 2008;PIRES, 2006;FERRARA, 1986).…”