O hospital, no transcurso de sua história, experimenta distintos processos de reorganização. De abrigo para pobres e viajantes transforma-se em centro de alta tecnologia para diagnóstico, tratamento e pesquisas. Isto lhe confere uma complexidade ímpar, pois mescla a nobre missão social de cuidar das pessoas com traços administrativos e econômicos comuns a outras organizações de negócios. O administrador hospitalar, que chega aos hospitais para fazer frente a esta complexidade, acaba centrando suas atividades na busca do bom funcionamento e da sobrevivência organizacionais. Ofusca-se a missão social do hospital e o administrador hospitalar parece não perceber a repercussão, muitas vezes rnaleficente, de suas decisões na qualidade da atenção de saúde prestada ao paciente.Parece claro que o administrador deve trabalhar para a viabilidade econômicofinanceira da instituição, no entanto o propósito primário do hospital é cuidar das pessoas e, esta especificidade, não pode ser perdida de vista. Urge uma atitude ética consonante com a vulnerabilidade das pessoas que acorrem ao hospital, pois elas conformam o fundamento, o sujeito e o fim de toda atividade sanitária. Fica patente, desta forma, a essencialidade de uma interface entre administração hospitalar e ética.É necessário enfrentar o desafio de construir uma ética própria da administração hospitalar. Uma ética que se mostre capaz, através do diálogo, da tolerância, da participação e do manejo adequado de valores, como a honestidade, a sinceridade, a integridade, a coerência pessoal, a humildade, o respeito e a justiça, de harmonizar a excelência do cuidado com a excelência da organização.