Mulheres negras e Necropolítica: como enfrentam a morte de seus filhos?

Abstract

INTRODUÇÃO: A morte de jovens negros é o principal resultado da violência urbana. Quando esses jovens morrem deixam os seus familiares, principalmente as mães negras, em um contexto de sofrimento causado por essa perda. Nesse contexto, as mulheres negras desenvolvem formas de enfrentamento para lidar com a dor. OBJETIVO: Analisar formas de enfrentamento de mulheres negras diante do assassinato de seus filhos na capital baiana. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo documental, realizada em sites que publicaram relatos dessas mulheres entre 2014 a 2019. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo, com fundamento em Minayo. Para a realização da pesquisa, fez-se o uso de documentos públicos e de acesso livre. RESULTADOS: Foram mapeados oito relatos de mães negras, sendo sete oriundos de jornais online e um em blog. Seus relatos revelam muito sofrimento psíquico, e desvelam contextos marcados por racismo, violências e violação de direitos. Nesse cenário emergiram algumas formas de enfrentamentos como a religiosidade, a busca por justiça e a percepção das mães negras diante do racismo. CONSIDERAÇÕES: Foi possível conhecer a caminhada dessas mulheres que foram atravessadas pela violência e que a partir disso construíram formas de enfrentamento e cuidado. Os resultados apontam para maior necessidade de pesquisas que investiguem mais sobre esse sofrimento e seus desdobramentos na saúde mental dessas mães.

Faces da necropolítica genderizada contra a existência transexual em comentários no Instagram

“…A noção de Butler (2019b) sobre corpos abjetos auxilia-nos a analisar os processos de desumanização e inteligibilidade discursiva de sujeitos que não se encaixam no "cidadão de bem", sendo o antagônico, o "envolvido", como exposto no comentário. Essa categoria nativa do envolvimento/envolvido diz respeito à ideia de que o sujeito que morre no Ceará, em uma perspectiva de regime necropolítico à brasileira, em primeira instância, morreu por compor uma organização criminosa ou por andar com pessoas erradasculpabilizando a vítima e desresponsabilizando o poder público dessa morte (Sousa et al, 2020). Assim como a morte do "envolvido", a morte de pessoas trans é produzida anteriormente ao seu assassinato, é engendrada por discursos de ódio, os quais, na era globalizada, da vigilância e de tecnologias de subjetivação virtuais, se perpetuam no ciberespaço (Bruno, 2013) Em nossa leitura, esses comentários remetem a um projeto político que atualiza as relações de poder envoltas da violência, "se enraíza no conjunto de rede social, inventando formas de existir" e consequentemente estratégias de gerir suas vidas e mortes (Duarte et al, 2018, p. 93).…”

“…Por isso, destacam Duarte, Nascimento e Iñiguez-Rueda ( 2018), a democracia brasileira, para sustentar-se, necessita de discursos que produzam novas estéticas de existências, marcando identidades que o Estado deveria garantir proteção, pois se encontram em maior vulnerabilidade. Tais identidades pertencem àqueles sujeitos interseccionalmente atravessados por questões raciais, classistas, de gênero e de sexualidade; àqueles que se encontram em maior condição precária e estão expostos à violência, ao autoritarismo, à intolerância e ao neofascismo à brasileira (Butler, 2019b;Sousa et al, 2020).…”

“…Apesar dos avanços conquistados pelo movimento "LGBTQIA+" no Brasil, tal como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que equipara condutas preconceituosas com base na orientação sexual ao crime de racismo, com base na Lei nº 7.716/1989, ainda é perceptível, sobretudo no Nordeste, o aumento de mortes intencionais. Especificamente no Ceará, as dinâmicas da violência urbana têm operado como ferramenta da necropolítica de gênero em que corpos feminilizados são palco de disputas entre as facções(Sousa et al, 2020).Respeito ePreconceito totalizam 63 repetições. Alguns comentários colocam em questão a Nunes, L. F., Filho, T. L. L., Holanda, R. R., Barros, J. P. P., Miranda, L.L., Antunes, D. C. mesmo é ver amor alegria e respeito nas famílias, crianças amadas em suas diversidades são muito mais felizes, todes são mais felizes e o mundo fica mais divertido e cheio de beleza" (**** *ind_02, Classe 1, score: 59.35); e "Olhar para o outro é tão simples, basta amor e empatia.…”