Este artigo aborda, a partir de uma análise interseccional, a narrativa de história de vida de duas mulheres, professoras, negras e celibatárias do sertão norte-mineiro, nascidas nas décadas de 1920 e 1930. Nesse sentido, buscou-se compreender: como elas se constituem em suas narrativas; como constroem uma imagem de si, que será tornada pública; o que escolhem dizer ou silenciar e, ainda, como a raça norteia as narrativas. Diante das questões, argumenta-se que, ao manterem-se solteiras elas asseguraram o controle de suas próprias vidas, autonomia financeira e experimentaram maior liberdade. O casamento e maternidade não apareceram nas narrativas como aspirações pessoais. Apesar das semelhanças em suas trajetórias, a análise interseccional revelou diferenças em suas experiências, estas marcadas pela distinção de classe.