Motociclistas acidentados: caracterização, perfil comportamental e sintomas de transtornos mentais

Abstract

Introdução: Acidentes de trânsito (AT) são uma das principais causas de trauma no mundo. No Brasil, a taxa de mortalidade de motociclistas envolvidos em AT aumentou de forma significante entre 2004 e 2014: de 2,8 para 6,2 óbitos respectivamente por 100 mil habitantes. Objetivos: caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de motociclistas vítimas de Acidentes de Trânsito atendidos no Hospital de Base de São José do Rio Preto (2016 a 2018); identificar o perfil comportamental desses pacientes e rastrear sintomas de transtornos mentais. Métodos: pacientes envolvidos em acidentes com motocicleta (motoristas), atendidos no Pronto Atendimento da Cirurgia do Hospital de Base de São José do Rio Preto, SP, Brasil, foram convidados a participar do estudo e responderam aos seguintes instrumentos: Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) e Inventário de Auto-Avaliação para Adultos (ASR). O Banco de Dados da Unidade de Trauma do Hospital de Base forneceu as infomações do prontuário para a construção do perfil sociodemográfico e clínico (referentes às lesões do trauma) do paciente. Resultados: Os participantes (n = 40) eram principalmente do sexo masculino, com média de idade de 33,83 anos (± 12,95) e baixa escolaridade; 13 relataram dirigir após ingestão de bebida alcoólica. A maioria apresentou lesões leves. Foram identificados (ASR e MINI) problemas externalizantes e internalizantes, violação de regras, queixas somáticas, abuso de álcool e de crack. Conclusão: Entre os motociclistas acidentados houve predominância de jovens do sexo masculino com baixa escolaridade, maior prevalência de lesões nas extremidades e no abdomem, uso de álcool associado à direção e presença de sintomas de transtornos mentais internalizantes e externalizantes.

Caracterização epidemiológica e sociodemográfica de acidentes de trânsito: uma revisão integrativa da literatura

“…Beceiro et al (13) demonstra, em seu estudo que analisou acidentes envolvendo motocicletas, a maior incidência em homens, jovens, solteiros, trabalhadores, com níveis inferiores de escolaridade e baixa renda familiar. Além disso, metades das vítimas que relataram uso de bebida alcóolica, assumiram associá-lo à direção.…”

“…Em relação aos fatores comportamentais, Beceiro et al (13) , assevera que o estado emocional dos condutores tem uma influência relevante nos acidentes e pode ser demonstrado com inclinações antissociais, desajuste pessoal e social, personalidade de dependência, irritabilidade, pensamentos negativos, autoconfiança diminuída, falta de responsabilidade, atribuindo-a a terceiros e fontes externas. Em seu estudo, verificou a existência de transtornos mentais nos motociclistas vítimas de acidentes, entre os principais encontrados estão transtornos depressivos, de ansiedade, de personalidade antissocial, dependência, somáticos, déficit de atenção, hiperatividade.…”

“…Beceiro et al (13) também demonstra que, em sua análise de acidentes motociclísticos, os segmentos corporais mais atingidos foram as extremidades e o abdome, destacando as lesões em extremidades como mais constantes e graves do que lesões de cabeça e face.…”

Acidentes motociclísticos e suas repercussões: uma revisão integrativa

“…O Brasil nos dias atuais, já estar no ranking de liderança entre os países que mais sofrem com a mortalidade por acidentes de trânsito, sendo que na maioria dos casos de óbitos e internações, os homens constituem o perfil das vítimas. Os envolvidos são homens negros, adultos jovens, com baixa escolaridade e principalmente motociclistas, como constatado na maioria dos estudos (do Monte et al, 2019;Mascarenhas et al, 2016;Aguiar et al, 2019;Beceiro et al, 2019;Cantão et al, 2020;Melo & Mendonça, 2021;Abreu et al, 2019).…”

“…Durante os acidentes motociclísticos o membro do corpo mais afetado foi a cabeça, além de apresentarem traumas constantes nos membros inferiores e superiores do corpo (de Sousa Abreu et al, 2019;Barboza Junior & Golias, 2021;Monteiro et al, 2020). Os traumas sofridos podem desencadear problemas ainda mais graves, tais como os transtornos mentais, apontados no estudo de Beceiro et al (2019). Além disso, quando não geram sequelas nas vítimas, os acidentes causam o óbito imediato ou mediato das vítimas, o que elevada ainda mais os índices de mortalidade e morbimortalidade do país (da Conceição Araújo et al, 2021;Araújo & Whitaker, 2016).…”