Monetização De Dados Pessoais Na Internet: Competência Regulatória a Partir Do Decreto Nº 8.771/2016

Abstract

RESUMO: O presente artigo analisa as disposições constantes no Decreto 8.771/2016 sobre a regulação da monetização dos dados pessoais no âmbito da internet. Num mundo cada vez mais conectado e interligado, com enorme produção de dados e informações -mormente de dados pessoais -muitos agentes econômicos passaram a utilizar tais dados como insumos em seus modelos de negócio. Neste cenário, promulgouse a Lei nº 12.965/2014, o Marco Civil da Internet. Tal diploma previu certos direitos e garantias aos usuários da rede mundial de computadores -como o direito à inviolabilidade da privacidade e intimidade e a proteção dos dados pessoais. Todavia, algumas de suas disposições demandaram regulamentação e, neste escopo, editou-se o Decreto 8.771/2016, que trata, entre outros assuntos, da previsão de atuação regulatória do poder público sobre atividades relacionadas aos dados pessoais. Sobre estas disposições é que o presente artigo se debruçou. Como metodologia, analisou as determinações do Decreto em conjunto com as do Marco Civil, de normas relacionadas e posicionamentos doutrinários acerca do tema, deles procurando extrair diretivas regulatórias da monetização de dados. Teve como objetivo específico aferir a competência para editar atos que regulem atividades relacionadas aos dados pessoais. Entre os resultados, encontrou que certos dispositivos restaram imprecisos na distribuição de competências, e que os entes arrolados pelo legislador não são inteiramente competentes para regular o tema em fito. Concluiu que, apesar desta lacuna legal, os dados † Mestrando em Direito Constitucional na UFRN. Bacharel em Direito pela UFRN.Pesquisador.

General considerations about the general data protection law and its main challenges in Brazil

“…The objective is the protection of the fundamental rights of freedom, privacy and the free development of the personality of the natural person. Thus, the device discusses, throughout its articles, about what configures the domain of privacy and how personal data should be protected, especially in the digital space (CARVALHO, 2018).…”

“…At the same time, respect for privacy, human rights, freedom and values related to the dignity of the human person with regard to the dignity of the human person in the process of regulating the processing of personal data is sought, and also aims at economic, technological development, innovation, free initiative and free competition (SILVA, 2017). The protection of personal data tries, at the same time, to protect the privacy of the subjects of law and seeks to achieve the construction of a scenario that does not cast, gag or interrupt the economic, technological and interests of those involved (CARVALHO, 2018). Therefore, in this area, the various situations, paradigms and processes experienced in network society are encompassed.…”

“…Some of these possibilities can be listd, such as the voluntary overexposure of certain subjects on virtual social networks; the opening of a significant portion of privacy and freedom of expression (which puts these subjects in an exposure situation); among other processes. It is also noteworthy that some people make the exhibition on social networks such as Facebook, Instagram and YouTube, a way of life, and thus, voluntarily, the content of their shadow protected by privacy is mitigated (CARVALHO, 2018). O Art.…”

“…The specification of sensitive data is of paramount importance to understanding privacy protection. This data is related to the issues that predict that, in a possible violation of privacy, harmful consequences may occur (CARVALHO, 2018). Greater protection is given to these data intrinsically related to freedom, dignity and the free development of personality, and thus greater strength is given to the protection of privacy and values linked to it (MENDES; DONEDA, 2018).…”

“…Among them, we highlight the principle of good faith and the principles of purpose (carrying out the treatment for specific legitimate purposes, explicit and informed to the holder, without the possibility of further treatment in a manner incompatible with these purposes), adequacy (compatibility of the treatment with the purposes informed to the holder, according to the context of the treatment), the need (limitation of the treatment to the minimum necessary for the accomplishment of its purposes, covering the relevant, proportionate and non-excessive data in relation to the purposes of data processing) and free access (this is about the guarantee to holders of the facilitated and free consultation on the length of processing, as well as focusing on the completeness of their personal data) (CARVALHO, 2018).…”