“…Comunidades nacionais homogêneas são, portanto, imaginadas e forjadas dentro de espaços ideológicos múltiplos, e paradoxalmente são entendidas como padrões linguísticos superiores e irretocáveis que devem ser seguidos e defendidos por todos daquela nação. É o caso da comunidade lusófona, cujo quadro sociopolítico compreende territórios falantes de português como língua oficial em quatro continentes e a manutenção de relações de exploração colonialista entre Portugal e suas antigas colônias, especialmente nos países do continente africano (Moita Lopes, 2013), Intersecções entre a língua falada e a língua escrita pavimentam, assim, a discussão entre a língua e a sua estrutura, sobretudo em discussões não acadêmicas, para o entendimento de alteridade entre a língua falada e a língua escrita, como se a língua escrita fosse uma representação fiel da estrutura representativa da língua e a língua falada fosse uma parte secundária do todo linguístico. Tal visão colabora para a construção, como apontam Woolard e Kroskrity (2012), de um projeto linguístico não inclusivo em que múltiplas ideologias linguísticas complementares e opostas constroem padrões linguísticos, e em grande parte dos casos padrão de escrita, que são utilizados para reforçar comunidades homo- DOSSIÊ gêneas e que paradoxalmente objetivam a construção de grupos minoritários e subalternizados.…”