Meu Deus, lá vem ele de novo! O cuidado à saúde aos “hiperutilizadores” na Atenção Básica

Abstract

Este artigo visa analisar aspectos no cuidado aos “hiperutilizadores” na Atenção Básica por meio da percepção dos profissionais e dos usuários. Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, do tipo estudo de caso, em que “hiperutilizadores” e profissionais foram entrevistados. A maneira como os profissionais definem quem é um usuário “hiperutilizador” é mais complexa do que o número total de consultas realizadas, passando pela identificação das necessidades em saúde que motivam a busca por cuidados. Os usuários com necessidades que extrapolam o alcance do modelo biomédico muitas vezes não têm as suas necessidades corretamente identificadas ou consideradas legítimas, e são considerados “hiperutilizadores” independentemente do número de consultas. O estudo serviu como um analisador da Atenção Básica à Saúde (ABS). Mantém-se um modelo ainda centrado na racionalidade biomédica, com pouca abertura para a “vida como ela é” e para o conhecimento e o “agir-leigo”.

Análise da utilização dos serviços em uma Unidade Básica de Saúde do Distrito Federal, Brasil

“…22 Há baixa frequência de hiperutilizadores, aqui classificados de forma simplificada como os que foram atendidos mais de 5 vezes/ano, considerando todos os tipos de atendimento (consultas com qualquer profissional, escuta inicial e demais procedimentos). Apesar de não haver consenso na literatura sobre a definição de usuário superutilizador, considerou-se aqui aquele indivíduo que compareceu a mais de seis consultas no intervalo de um ano 12,23,24 . Dentre os artigos analisados, o estudo realizado por Melo 25 , em Monte Alto, após a análise de bibliografias chegou a conclusão de que os hiperutilizadores são aqueles que utilizam os serviços de urgência e emergência mais de 3 vezes no ano e que predominantemente são do sexo feminino e portadores de doenças crônicas.…”

“…Destaca-se o acesso geográfico que é caracterizado pelo tempo de deslocamento e distância entre a residência do usuário e o serviço de saúde, aspectos que devem ser considerados nos processos de territorialização das Unidades Básicas de Saúde (UBS) com ou sem ESF. 10,11 Embora um estudo realizado em 2018 no Brasil 12 não tenha constatado a equidade reversa quando se considera que a ampliação da cobertura pela ESF prioriza a população menos favorecida, há a necessidade de se examinar como isto ocorre nos territórios cobertos pela ESF.…”

“…Nesse contexto, os hiperutilizadores dos serviços de saúde, que são usuários que buscam atendimento de forma excessiva ou sem real necessidade, podem representar um fator de risco para a equidade em saúde visto que estes podem consumir até 40% das consultas ofertadas em uma UBS. 12 Na constatação de Guimarães (2018), 13 a equidade tem sido preservada pelas ações de promoção à saúde adotadas pelas eSF, que criam estratégias para reduzir a desigualdade e aumentar o nível de saúde.…”

Managing long COVID symptoms and accessing health services in Brazil: A grounded theory analysis

“…Users whose needs go beyond the reach of healthcare systems are often not correctly identified and monitored by health professionals and are considered “hyperusers”, regardless of the number of consultations [ 20 ]. The WHO suggests that care for people with persistent COVID-19 symptoms be provided through a comprehensive, person-centered multidisciplinary approach involving basic and specialized services [ 7 ].…”