Resumo.Neste trabalho apresenta-se um modelo de mapas acoplados para o estudo da dispersão da Doença do Caranguejo Letárgico (DCL) entre dois estuários, em que mediu-se a influência da coleta de caranguejos e da existência de caranguejos resistentes sobre a dinâmica da doença. Observou-se que a coleta de caranguejos afeta tanto a intensidade quanto a periodicidade da doença e pode diminuir a probabilidade da doença se estabelecer. Porém, existe um limiar muito pequeno entre a não existência da doença no estuário onde há coleta e a extinção da população de caranguejos. Mostrou-se que a existência de caranguejos resistentes diminui a probabilidade de que a doença se estabeleça e que a migração do fungo pelo mar pode causar a sincronização das epidemias nos estuários.Palavras-chave. Modelagem Matemática, Sincronização, Metapopulação.
IntroduçãoO caranguejo-uçá, Ucides cordatus, é encontrado desde Flórida (EUA) até Santa Catarina (Brasil). Constitui uma das principais fontes de renda das comunidades que vivem próximas aos manguezais, as quais dependem de sua comercialização como fonte de renda, utilizando-o também como alimento. Este crustáceo é um dos principais responsáveis pela decomposição da matéria orgânica nos estuários, e um biomonitor natural de áreas críticas, uma vez que demonstra sensibilidade a diversos poluentes [3].Desde de 1997, observam-se eventos de mortandade do Ucides cordatus registrando-se uma diminuição de até 85% na taxa de captura do mesmo. Os caranguejos que residiam em regiões de mortandade, apresentavam sintomas semelhantes, a saber: letárgicos, sem controle das pernas e quelas, por isso deu-se a enfermidade, o nome de Doença do Caranguejo Letárgico (DCL). Vários experimentos foram realizados a fim de se identificar o que estava causando a doença nos caranguejos, mas somente em 2005 foi constatado que o agente causador da DCL é o fungo patogênico Exophiala cf psycrofila [2].