A inflamação das meninges pode ser causada por diversos agentes infecciosos e sua prevalência está associada a fatores como o estado imunitário do indivíduo. Pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHIV) apresentam maior risco de adoecimento, podendo evoluir com complicações severas devido a gravidade desta doença. Este foi um estudo retrospectivo, descritivo e observacional em PVHIV adultos com notificação compulsória de meningite, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2017. Dos 130 casos analisados, 65,3% eram do sexo masculino, 96,5% eram pardos e 79,2% dos casos residiam na região metropolitana de Belém. A idade da população variou de 19 a 61 anos com média de 33,9 anos sendo 55,4% analfabetos ou tinham apenas o ensino fundamental, 13,1% apresentavam carga viral com o valor de 10 5 a 10 6 cópias/mL e 46,2% apresentaram LTCD4 + menor que 250 células/mm³. Quanto ao tipo de meningite, 42,3% dos casos eram de meningite tuberculosa (TBM), 40,8% meningite criptocócica (MC) e 16,9% era meningite por outras causas. Os sinais e sintomas mais frequentes na população estudada foram cefaleia (93,1%), febre (86,0%) e vômito (61,5%). A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) foi responsável por 26,1% das causas de óbito, seguida de meningite com 22,8% de casos. Os pacientes com MC acumularam o maior número de óbitos (46,0%). A contagem de LTCD4 e LTCD8 foi significativamente mais alta em pacientes com TBM quando comparada a pacientes com MC. A maioria dos casos de óbito apresentava contagem de linfócitos TCD4 + abaixo de 200 células/mm³ e contagem de LTCD8 + abaixo de 1.000 células/mm³. A população analisada em nosso estudo apresentou um padrão clínico e epidemiológico com predomínio de homens, com idade média de 34 anos, pardos, com baixo nível de escolaridade, pertencentes à região metropolitana de Belém e com alto grau de comprometimento imunológico. Demonstrando também que embora a maioria dos casos fosse de meningite tuberculosa o maior índice de óbitos foi associado aos casos de meningite criptocócica.