Medos urbanos e mídia: o imaginário sobre juventude e violência no Brasil atual

Abstract

Resumo: Este artigo discute a cultura e a indústria do medo no Brasil atual, através da relação entre juventude e violência, e no avaliar as consequências desta correlação por meio das proposições levantadas pela mídia brasileira no imaginário nacional. Essa problemática é compreendida tendo em vista a questão da formação dos jovens no país nessa primeira década do século XXI, e em um momento de mudanças significativas nos padrões de comportamento nacional. Mudanças que pulverizam os valores sociais e caminham a passos largos para o individualismo crescente nas relações societárias e uma ampliação do medo do outro, no interior das formas interativas a que estão sujeitos não apenas a juventude, mas a população em geral. Palavras-chave: Medos Urbanos, Cultura do Medo, Violência, Juventude, Mídia.E ste artigo objetiva discutir a cultura e a indústria do medo no Brasil atual, através da relação entre juventude e violência, e avaliar as consequências dessa correlação por meio das proposições levantadas pela mídia brasileira no imaginário nacional 2 .Essa problemática é compreendida tendo em vista a questão da formação dos jovens no país, nesta primeira década do século XXI, e em um momento de mudanças significativas nos padrões de comportamento nacional. Mudanças que pulverizam os valores sociais e caminham a passos largos para o individualismo crescente nas relações societárias e uma ampliação do medo do outro, no interior das formas interativas a que estão sujeitos, não apenas a juventude, mas a população em geral.

The Sociology of Emotions in Latin America

“…Drawing on a Simmelian analytical framework, Koury (2002Koury ( , 2004Koury ( , 2007Koury ( , 2014Koury ( , 2017 and Barbosa (2014b) explore the affective correlates of the accelerated process of urbanization experienced in the city of João Pessoa (Paraíba, Brazil) in the mid-twentieth century. Rapid, unstable social transformations undermine relationships of closeness and trust resulting from a transition toward individualism, turning fear and constant suspicion of the other into the key features of social interaction.…”

“…Some have suggested that fear, and particularly everyday fear, is a central dimension of the contemporary emotive culture that helps reproduce the status quo by restricting the opportunities for engaging in exchanges in urban space (Barbosa 2014a,b;Koury 2004). Fear leads to the construction of boundaries (whether visible or invisible) between residents that are rooted in the moral degradation of those singled out as dangerous.…”

“…Fear leads to the construction of boundaries (whether visible or invisible) between residents that are rooted in the moral degradation of those singled out as dangerous. Fear of the other, in its moral sense, therefore implies fear of contagion, the risk of being contaminated by the impure; this is the countenance that is conferred on the outsider in the high-risk societies of late modernity (Caprón 2016;Koury 2004Koury , 2007Olvera & Sabido 2007;Reguillo 2008). Applying this line of thinking, research into each society's emotive culture provides a window onto the symbolic hierarchies it creates and the moral codes that legitimate those hierarchies.…”

Impacto social da violência urbana

“…Diversas pesquisas feitas em diferentes capitais do Brasil mostram o crescimento de vulnerabilidade da juventude e as ameaças no cotidiano. Aponta também o desrespeito entre os jovens que habitam nas periferias onde cresce os assaltos à mão armada, pequenos furtos, prostituição e envolvimento com drogas, esses jovens ficam nas ruas intimidando os passantes que demonstram expressão de medo (KOURY, 2011).…”

Análise Lexical sobre o/a Jovem Nem-Nem no Documento Trabalho Decente e Juventude/OIT

“…De mais a mais, outro fator de preocupação seria a possibilidade de aderência a criminalidade, violência e tráfico de drogas por parte do que seria denominado de "exército" de jovens vulneráveis e em situação de risco. Cabe assim, portanto, questionar sobre o papel da mídia na espetacularização e na invenção de determinados sujeitos jovens (Koury, 2011), que a partir da produção midiática de destaque, compreendem os ditos/as nem-nem como uma juventude perdida.…”