ResumoA associação da psicofarmacoterapia à psicoterapia é prática freqüente e muitas vezes indispensável. É essencial a compreensão psicodinâmica da relação da dupla paciente/psicoterapeuta, caracterizando o tratamento combinado, e do trio paciente/psicoterapeuta/ psicofarmacoterapeuta, no caso da co-terapia, já que, se negada ou pouco compreendida, pode levar ao fracasso do tratamento. Este estudo revisa os aspectos psicodinâmicos e técnicos relacionados à integração dos tratamentos psicoterápicos e psicofarmacológicos, na tentativa de buscar a maneira mais adequada de lidar com as questões transferenciais e contratransferenciais envolvidas nessas modalidades terapêuticas. Descritores: Tratamento combinado, co-terapia, transferência, contratransferência.
AbstractAssociation of psychotherapy and psychopharmacotherapy is a frequent and often indispensable practice. Understanding the psychodynamics of the patient-psychotherapist relationship, characterizing the combined treatment, and the triad patientpsychotherapist-psychopharmacotherapist, concerning split treatment, is essential, since it can lead to treatment failure if denied or poorly understood. The present study aims at reviewing the psychodynamic and technical aspects of psychopharmacologic and psychotherapeutic treatment integration, as an attempt to find the most adequate way to deal with the transference and countertransference aspects involved in these therapeutic modalities. Keywords: Combined treatment, split treatment, transference, countertransference."Nenhum comprimido tem condições de me ajudar com o problema de não querer tomar comprimidos. Da mesma forma, nenhuma quantidade de sessões de psicoterapia pode, isoladamente, evitar minhas manias e depressões. Eu preciso dos dois."
IntroduçãoA associação da psicofarmacoterapia à psicoterapia é prática clínica freqüente e muitas vezes indispensável.De acordo com Steven Roose, psicofarmacoterapeuta e psicanalista que freqüentemente fornece orientação a analistas que indicam tratamento medicamentoso para seus pacientes, na época de sua formação, "se você tinha um paciente medicado, não falaria ao supervisor sobre isso, e ele não perguntaria" 2 . Nas últimas décadas, vem ocorrendo mudança importante na atitude dos psicoterapeutas e psicanalistas em relação ao uso concomitante de medicação durante a psicoterapia e psicanálise. Tornou-se necessário o conhecimento mais profundo, por parte dos profissionais de saúde mental, das diversas modalidades terapêuticas, já que a