O deslocamento dos nascimentos do ambiente doméstico ao hospital não se deu de forma homogênea em todo território nacional. Esse estudo, busca discutir esse processo, a partir de memórias de mulheres de diferentes gerações, que vivenciaram a institucionalização do parto no contexto rural. Trata-se de um estudo exploratório de natureza qualitativa de abordagem narrativa, baseado em entrevistas com mulheres em uma região rural do interior de Minas Gerais. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um roteiro semiestruturado. As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra, e analisado o conteúdo resultando em cinco categorias analíticas. Os achados apontam para a ausência de um modelo de parto compatível com a idealização das mulheres de regiões interioranas. As dificuldades no parto doméstico ocorrem em outro nível das que dão à luz nos hospitais. No cenário doméstico, dificuldades de acesso às parteiras e recursos técnicos assolavam muitas mulheres, e nos hospitais, às interferências medicamentosas e manipulação de seus corpos. Conclui-se que inseguranças, perigos e medos sempre assolaram as mulheres em toda história do processo de parturição, sendo que entre as mulheres das regiões rurais a desinformação e a falta de uma assistência que se adeque aos seus anseios toma uma grande proporção.