Nos anos de 1930 e 1940, intelectuais e artistas brasileiros – aliados ou perseguidos pelo Estado Novo – mostram-se entusiasmados pelas propostas pan-americanistas. Mário de Andrade, por sua vez, ainda que insistentemente procurado por pesquisadores estadunidenses, nutre uma constante desconfiança do “irmaozão do Norte” (Andrade, 2013b). O presente artigo, a partir de um estudo da rede social da época em torno do escritor, interessa-se por investigar a interpretação crítica do afro-brasileiro Mário de Andrade em relação aos Estados Unidos, no contexto do pan-americanismo. O conhecimento por ele adquirido da cultura de matriz africana, a consciência avant la lettre de uma identidade diaspórica negra e o reconhecimento da violência racial marcam o tom da sua interpretação singular do “paraíso democrático”.