Margaret Mead, Bali e o Atlas do comportamento infantil: apontamentos sobre um estudo fotográfico

Abstract

Este artigo analisa a maneira como Margaret Mead concebeu e utilizou as imagens tomadas por Gregory Bateson em Bali (1936-1939) para desenvolver um estudo, quase dez anos depois, sobre o comportamento infantil balinês. Notam-se as limitações tanto da metodologia adotada por Mead quanto do bias político-ideológico que perpassou esse trabalho realizado durante a Guerra Fria. Tento discutir estas limitações tanto quanto sintetizar possibilidades de abordagem das imagens. Pranchas fotográficas foram selecionadas e reproduzidas para mostrar as diferentes perspectivas de abordagem das fotografias, nos trabalhos balineses e no Atlas do comportamento infantil, produzido pelo doutor Arnold Gesell.<br>This article analyses the manner how Margaret Mead conceived and utilized the pictures taken by Gregory Bateson in Bali (1936-1939) to develop her study, almost ten years later, about the balinese children behavior. There are some limitations in this balinese photographic study caused by methodology adopted, and by the political ideological bias that crossed her research realized during the "cold war" period as well. I try to discuss these limitations and to synthesize the approach's possibilities of the images. Photographic plates are selected and reproduced here to show different perspectives of their use, in Mead's balinese works and in the Atlas of infant behavior produced by the doctor Arnold Gesell

Bebês “ocupantes” de pesquisas e cidades: reflexões sobre o direito à moradia e cuidado na cidade de São Paulo

“…Nos estudos antropológicos, em especial, é possível observar, conforme também destacou Gottlieb (2009), muitas referências aos bebês como passagem, mas poucos como sujeitos próprios de pesquisa. No entanto, na busca por pesquisas realizadas com crianças -com uma lupa para identi昀椀car aquelas com bebês -, encontramos, na obra de Mendonça (2010), trabalhos interessantes de Mead (1942Mead ( ,1951, dentre eles e respectivamente: Balinese character: a photographic analysis, e Growth and culture: a photographic study of Balinese childhood. Nesses trabalhos, a autora busca compreender o signi昀椀cado de ser criança ou adolescente em outras realidades socioculturais, apresenta elementos importantes para pesquisas com eles, de certa forma inaugurando um modo de estudá-los, com observação e participação contínua em seu dia a dia, além de evidenciar como cada cultura cria, a seu modo, as tessituras sociais, lugares e papeis sociais dos sujeitos, demonstrando a existência de diversidades e regularidades em torno dos/ das bebês e de suas experiências em contextos culturais particulares (MEAD, 1942, 1951apud MENDONÇA, 2010.…”

Margaret Mead e Ken Heyman

“…A autora enfocada, cuja formação inicial se deu na área de psicologia, passando em seguida a estudar antropologia com Franz Boas, tem uma vasta bibliografia que resvala para diferentes áreas do conhecimento (MEAD; GORDON, 1976;HOWARD, 1984;MENDONÇA, 2010;2015). Trata-se, pois, de obra com acentuados contornos colaborativos, notadamente no tocante ao uso das imagens.…”

“…Trata-se, pois, de obra com acentuados contornos colaborativos, notadamente no tocante ao uso das imagens. O estudo da visualidade na obra de Mead é favorecido, entre outros fatores, por uma característica particular que não se encontra da mesma forma em outros antropólogos de sua época 6 : a reflexão, em forma de artigos específicos, sobre o trabalho com imagens (MENDONÇA, 2012). Assim, além de ser a primeira antropóloga 7 moderna a fazer da câmera um instrumento central do Equatorial, Natal, v. 10, n. 19, jul./dez.…”