Marcadas pelo mercado: inserção profissional e carreira de mulheres transexuais e travestis*

Abstract

Resumo Mulheres transexuais e travestis enfrentam barreiras relacionadas à transição de gênero que incidem diretamente sobre sua empregabilidade e inserção no mercado formal de trabalho, além de afetar seu planejamento de carreira. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo investigar a inserção profissional, a percepção de barreiras e planejamento de carreira de mulheres transexuais e travestis. A partir da análise de conteúdo de entrevistas individuais constatou-se a percepção de múltiplas barreiras em função do gênero e a ausência de planejamento de carreira devido à falta de suporte.

Trajetória escolar de travestis e mulheres trans

“…De acordo com Butler (2019), o gênero é nossa primeira referência nas relações sociais, é ele quem primeiro confere inteligibilidade nessas relações, e sua referência está pautada na materialidade dos corpos. Assim, corpos que remetem a práticas que ameaçam a hegemonia da divisão binária dos gêneros, configuram-se como "corpos abjetos" (BUTLER, 2010), já que não se circunscrevem ao "imperativo heterossexual" (BUTLER, 2010), que limita não apenas o campo do desejo e das práticas sexuais, mas a própria determinação do sexo e de seus discursos e do gênero atribuído ao sexo.…”

“…Andrade (2019) e Dara não foram privadas somente de momentos de descontração, o recreio é um espaço pedagógico importante de socialização mais livre entre as crianças, inclusive de contato com estudantes de outras classes, crianças de mesma idade, com mais ou menos idade, e de observar preferências que nem sempre ficam expostas em sala de aula, inclusive de atividades e relações preferidas entre meninos e meninas. Kelly também passou por isso.…”

“…Britzman (1996) analisou esse comportamento a partir da perspectiva de adolescentes gays, tratando da angústia que muitos têm de tentar conviver com outras pessoas tentando esconder sua homossexualidade. Andrade (2015,2019) Esse episódio chama a atenção especialmente por ao menos três aspectos: 1) a estratégia criada pelos meninos para demonstrar poder e ridicularizá-la, com a certeza da impunidade; 2) a falta de uma atitude pedagógica coerente por parte da diretora; e 3) a relação feita pela diretora entre a travestilidade e a prostituição.…”

“…Algumas pesquisas, como a de Miguel Ifadireó e Isaac Silva (2019) Ainda em busca de explicações para o fato de Sarah não ter concluído o ensino médio, uma hipótese seria não valorizar os conhecimentos escolares. Mas ela afirma que valorizava muito a escola, e que isso tinha relação com a valorização que a mãe dava à educação.…”

“…Este é um dos modos de não reconhecer as formas de vivência do gênero e da sexualidade que destoam da heterossexualidade compulsória e da cisgeneridade, além de relegá-la ao campo da doença. A figura do abuso sexual foi encontrada na pesquisa feita por Odacyr da Silva e Maria Menandro (2019), ao investigarem quais seriam as explicações dadas por homens cisgênero que se reconheciam como heterossexuais (sendo ex-homossexuais), para sua homossexualidade passada, em que a maioria dos participantes apontou o abuso sexual sofrido na infância como possível fator causador.…”