Manuel Said Ali Ida

Grammatica historica da lingua portugueza de Said Ali cem anos depois

“…A sua primeira edição foi publicada em duas partes: Lexeologia do Portuguez Historico, em 1921, e Formação de Palavras e Syntaxe do Portuguez Historico, em 1923. Tal fato, de acordo com Bechara (1956), se deveu à urgência de publicação para que pudesse concorrer ao Prêmio Francisco Alves da Academia Brasileira de Letras (ABL) -concurso este no qual obteve o primeiro lugar em 1921 17 e, posteriormente, em 1927, conforme comparece na folha de rosto da 2ª edição em diante 18 .…”

“…Em sua reflexão, Bechara (1956;1962;[1993] 2015) comenta ainda o que coloca como a "mudança de título" da 1ª para a 2ª edição e como a "estranheza" causada pela gramática de Said Ali quando da sua publicação. De acordo com esse comentador 19único dos que tive acesso em cujo dizer problematiza-se o gesto de nomeação dessa gramática -, o título adotado a partir da 2ª edição é "fora do propósito do autor" (1962, p. 39).…”

“…Em síntese, de acordo com Bechara (1956;1962;[1993] 2015), nos três textos aqui analisados, a Grammatica Historica da Lingua Portugueza de Said Ali rompe com o Método histórico-comparativo e com a Neogramática para filiar-se à Linguística diacrônica, tal como teria sido formulada por Saussure no Curso de Linguística Geral. Assim sendo, embora seja significada como uma gramática histórica, distancia-se da forma material socialmente legitimada quando da sua (re)formulação, de modo que são produzidos diferentes efeitos de leitura em momentos distintos de sua circulação.…”

“…Elia ([1963] 1975) Gramática histórica Bechara (1956;1962;[1993] A leitura do quadro acima nos permite observar o movimento ambíguo de significação 32 da gramática histórica de Said Ali nos textos historiográficos quanto à forma material, à filiação teórica e à ruptura que teria sido promovida. Em Costa (2020a), pontuei que, embora na periodização de Elia ([1963] 1975) Said Ali seja inscrito no período denominado por ele de científico, sua produção é significada como acientífica.…”

“…No tocante especificamente aos textos produzidos a partir de gestos historiográficos, observou-se que em nenhum há projetado um efeito de desvalorização dessa gramática, ao contrário. Mesmo em Bechara (1956;1962), Câmara Jr. ([1961 2004a) e em Elia ([1963Elia ([ ] 1975, textos produzidos antes do terceiro momento, ou em Câmara Jr. ([1966] 2004b), no qual se projeta a necessidade de inovação sobre o então momento atual e futuro dos estudos gramaticais sincrônicos descritivos e não normativos, a gramática histórica de Said Ali é significada de forma valorativa 40 .…”