MadAlegria - Estudantes de medicina atuando como doutores-palhaços: estratégia útil para humanização do ensino médico?

Abstract

INTRODUÇÃO: Historicamente, a medicina caminhou paralelamente aos valores humanísticos até que as bases científico-tecnológicas desenvolvessem importantes conhecimentos, dando ao atendimento humanizado, por vezes, uma posição secundária. Apenas nas últimas décadas, vem-se pensando em maneiras de conciliá-los. Neste contexto, acadêmicos da Universidade de São Paulo (USP) criaram o MadAlegria, no qual a figura do doutor-palhaço atua no desenvolvimento da empatia e da abertura para a escuta e o diálogo com pacientes adultos por meio do lúdico. MATERIAIS E MÉTODOS: Alunos da área da saúde caracterizados como doutores-palhaços visitaram pacientes hospitalizados. Em 2011, o projeto contou com 38 voluntários que atuaram semanalmente no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp); no ano seguinte, o projeto se expandiu para outras enfermarias do Complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Paralelamente, foram realizados estudos para conhecer o impacto da atuação do doutor-palhaço sobre pacientes adultos, profissionais da saúde e alunos que participam do projeto. RESULTADOS: Os resultados preliminares de estudo com os acadêmicos sugerem que eles adquiriram habilidades de comunicação e ampliaram a visão do paciente. CONCLUSÃO: Futuras pesquisas poderão elucidar mais detalhes a respeito dos benefícios do treinamento na saúde mental dos estudantes envolvidos.

A inserção do palhaço no ambiente hospitalar: experiências de um projeto de extensão

“…A Política Nacional de Humanização (PNH) surgiu em 2003 e, entre seus princípios e diretrizes, incluem-se o protagonismo dos sujeitos, o estabelecimento de vínculos afetivos, uma ambiência e um acolhimento adequados (BRASIL, 2013); (TAKAHAGUI et al, 2014). A UPI humaniza, pois propõe um espaço de escuta e acolhimento livre de julgamentos ou pré-requisitos.…”

“…The clown interacts with users and carers, whether O hospital é um ambiente paradoxal, pois, ao mesmo tempo em que é visto como um local de cura, ele carrega um estigma de dor e sofrimento. A experiência de uma internação destitui os usuários de seus papéis sociais, além de colocá-los em uma posição de dependência limitada em relação ao espaço e à rotina (TAKAHAGUI et al, 2014). Somado a isso, a formação profissional dos sujeitos que trabalham no hospital, por vezes, prioriza o modelo biomédico -com foco no adoecimento e na leitura de valores laboratoriais -que contribui para a desumanização na relação profissional-paciente (TAKAHAGUI et al, 2014).…”

“…A figura do palhaço no hospital surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1986, em uma ala cardiológica pediátrica, com Michael Christensen e suas paródias sobre a rotina dos médicos (TAKAHAGUI et al, 2014). A palavra "palhaço" tem raiz etimológica em paglia (palha), material usado no preenchimento de sua roupa, indumentária que faz dele um personagem cômico.…”

“…A palhaçoterapia supera barreiras e estimula a capacidade de reflexão, embora ainda haja uma produção científica pequena e que, na maioria das vezes, contempla apenas a atuação do palhaço em hospitais infantis (MATRACA; WIMMER; JORGE, 2011), (TAKAHAGUI et al, 2014).…”

MadAlegria: a valorização de estratégias de humanização na formação do profissional de saúde

“…O MadAlegria tem como objetivo amenizar o ambiente hospitalar e outros cenários de prática de saúde, promover o trabalho em equipe multidisciplinar e acima de tudo sensibilizar os estudantes para a importância da humanização na relação entre os profissionais da saúde e o paciente, incentivando o exercício da cidadania. A intenção é dar ao estudante a oportunidade de ampliar a sua visão em relação ao paciente, sensibilizando-o sobre a importância da humanização na área da saúde e a responsabilidade que se tem frente ao sofrimento do outro, a fim de formar melhores profissionais de saúde, com maior engajamento e responsabilidade no exercício profissional 5,6 . …”