RESUMO:Resumo: Em seu artigo de 1995, comemorativo dos 200 anos da obra Rumo à paz perpétua de Kant, Habermas fez uma série de críticas tanto normativas como históricas acerca do cosmopolitismo kantiano. A primeira delas assinala o caráter negativo do conceito de paz: (1) porque, como pensador do século XVIII, Kant desconhecia o sentido da guerra total e; (2) não considerava as mudanças necessárias nas condições econômicas, sociais e culturais necessárias para fomentar a paz. Contudo, o projeto kantiano de paz apresenta um sentido positivo na medida em que a paz depende de reformas políticas que propiciem o desenvolvimento da constituição republicana, ao mesmo tempo em que uma tensão irremediável entre guerra e paz possibilita uma aproximação constante à paz perpétua e exige um espírito de liberdade negativa tanto religiosa como econômica.
PALAVRASCHAVE:Habermas; Kant; cosmopolitismo; paz; guerra ABSTRACT:Abstract: In his 1995 article, commemorative of 200 years of work Towards Perpetual Peace Kant, Habermas makes a lot of criticism both normative and historical about the Kantian cosmopolitanism. The first marks the negative character of the concept of peace:(1) because, as a thinker of the eighteenth century, Kant was unaware of the meaning of total war and; (2) did not consider the necessary changes in the economic, social and cultural rights necessary to promote peace. However, the Kantian project of peace presents a positive sense in that peace depends on political reforms that foster the development of the republican constitution at the same time that an irremediable tension between war and peace enables a constant approach to perpetual peace and demands a the spirit of negative liberty both religious and economic.
KEYWORDS:Habermas; Kant; cosmopolitanism; peace; war INTRODUÇÃO 1 E m 1995, Habermas apresentou um artigo comemorativo do bicentenário de publicação do opúsculo de Kant Rumo à paz perpétua, no qual expressa três ideias básicas: inicialmente, pretende avaliar os argumentos normativos e históricos kantianos sobre o projeto de paz perpétua à luz do transcurso dos últimos 200 anos; em seguida, aspira oferecer uma versão transformada do cosmopolitismo kantiano em decorrência da necessidade de responder aos desenvolvimentos históricos contemporâneos, os quais experimentaram uma espécie de dialética, pois, se a