“…No início deste artigo, acompanhamos a crítica de Butler aos psicanalistas que acreditam que o psiquismo funcione de modo autônomo, segundo suas próprias regras, independentemente das normas sociais. Mesmo que, no seu trabalho, o analista conseguisse assumir o compromisso de não representar nenhum ideal normativo, o que já seria utópico, estes seriam trazidos pelos pacientes; o "roteiro normativo", em última instância, sempre está presente nas sessões e a prática consiste em tentar suspender, na medida do possível, essas normas, colocá-las de lado, ainda que estejam lá (Butler et al, 2015). Da mesma forma em que a repetição parodística no campo da performatividade de gênero pode ser subversiva não por uma libertação em relação às normas, mas por uma imitação delas que denuncie seu caráter contingente, a repetição na análise também pode ser subversiva, mesmo que as normas sigam atuando nesse espaço, na medida em que seja viável a criação do novo.…”