Abstract:ResumoCom base nas interrogações de Michel de Certeau sobre a "operação historiográfica", este artigo examina os modos pelos quais José de Alencar procurou dar legitimidade ao seu modo de fazer do passado um objeto de conhecimento. Compreende-se, desse modo, que os romancistas assumiram, também, a tarefa de compreender o passado. E, além disso, ou subjacente a isso, passaram a rivalizar com a suposta circunscrição que os historiadores foram estabelecendo. Pretende-se abordar como a escrita de José de Alencar f… Show more
Este texto volta-se para um conjunto de lugares-comuns presentes no romance O Guarani (1857), de José de Alencar. Para tanto, buscamos historicizar o paradigma artístico que subsidiou sua escrita, analisar a construção do éthos indígena e mapear algumas figuras mobilizadas para descrever as florestas brasileiras e o cataclismo que encerra a narrativa. Nossa proposta atém-se a uma abordagem estética que não negligencia o caráter datado dos códigos linguísticos, ou seja, tópicas como originalidade e genialidade foram tomadas como convenções ou constructos que o romance alencariano buscou dissimular para atender aos protocolos literários de sua época. Embora seja recorrente a negação dos artifícios retórico-poéticos, o romancista recorreu a novos recursos como, por exemplo, à concepção de sublime. Não há, portanto, ausência de protocolos e prescrições, mas a eleição de outros expedientes letrados articulados às propostas políticas de D. Pedro II, ao projeto indianista e às novas demandas estéticas.
Este texto volta-se para um conjunto de lugares-comuns presentes no romance O Guarani (1857), de José de Alencar. Para tanto, buscamos historicizar o paradigma artístico que subsidiou sua escrita, analisar a construção do éthos indígena e mapear algumas figuras mobilizadas para descrever as florestas brasileiras e o cataclismo que encerra a narrativa. Nossa proposta atém-se a uma abordagem estética que não negligencia o caráter datado dos códigos linguísticos, ou seja, tópicas como originalidade e genialidade foram tomadas como convenções ou constructos que o romance alencariano buscou dissimular para atender aos protocolos literários de sua época. Embora seja recorrente a negação dos artifícios retórico-poéticos, o romancista recorreu a novos recursos como, por exemplo, à concepção de sublime. Não há, portanto, ausência de protocolos e prescrições, mas a eleição de outros expedientes letrados articulados às propostas políticas de D. Pedro II, ao projeto indianista e às novas demandas estéticas.
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