Investigação da memória em crianças em idades escolar e pré-escolar

Abstract

RESUMO. O presente trabalho visou investigar experimentalmente, a susceptibilidade das memórias de crianças à distorção, através do estudo das falsas memórias, que são lembranças de eventos que, na realidade, não ocorreram. O desempenho da memória foi avaliado em 57 crianças em idade escolar e pré-escolar, por meio da apresentação de sequências de frases simples que representam informações do cotidiano das crianças. Os resultados indicaram que a memória não foi imune a erros e distorções, ou seja, as crianças se lembraram falsamente de informações a respeito do material estudado. Uma comparação entre as faixas etárias permitiu identificar que as crianças em idade escolar produziram menos falsas memórias que aquelas em idade pré-escolar. Assim, a escolaridade das criança parece ter auxiliado as crianças mais velhas na identificação das informações verdadeiras e na rejeição de falsas memórias.

Trauma e falsas memórias: como a psicologia pode contribuir na oitiva de crianças vítimas de violência sexual?

“…Em oitivas de crianças vítimas de violência sexual, Costa e Pinho (2010) afirmam que crianças são mais sugestionáveis tendo em vista que esta busca tentar agradar ao adulto com suas repostas, e que, além disso, pode ocorrer em depoimentos sugestivos ou malsucedidos a possibilidade de a criança emitir resposta diferente a uma pergunta feita diversas vezes, pois para ela essa não é uma resposta que o adulto quer ouvir. Neufeld et al, (2011) reiteram a necessidade de estudos voltados às falsas memórias, pois, segundo ele, devido à grande demanda de procedimentos judiciais que envolvem a escuta de crianças, é necessário que profissionais conheçam técnicas efetivas que colham relatos fidedignos, pois alguns procedimentos inadequados podem prejudicar a confiabilidade do testemunho.…”

“…Em um estudo desenvolvido por Akeehurs e Fluck(2008), realizado com crianças de 8 a 10 anos, concluiu que os entrevistadores influenciam a veracidade dos testemunhos quando realizam um depoimento de modo acusatório ou sugestivo.Outro fator observado no estudo foi que os entrevistadores que não se portaram de modo mais empático fizeram com que as crianças fossem menos objetivas nos questionamentos, por outro lado, também foi possível analisar através desse estudo que o comportamento não verbal do entrevistador influencia no depoimento.Em um estudo realizado porNeufeld et al, (2011) com 57 crianças em idade escolar e pré-escolar constatou que crianças em idade pré-escolar produziram mais falsas memórias em comparação com as crianças de idades escolares. Logo, esses fatores estariam ligados ao desenvolvimento cognitivo, pois crianças mais novas não possuem habilidades cognitivas suficientes para perceber a realidade dos eventos, o que ocasiona uma grande possibilidade de distorções.…”