Resumo “Riachão” é uma vila de pescadores e marisqueiras artesanais no Baixo-Sul da Bahia, onde o reconhecimento da paternidade ocorre entre concepção e o processo de tornar pública uma gravidez. As pessoas se relacionam como parentes e afins a partir das casas, que são agentes centrais na constituição de relacionalidade (relatedness). A discussão etnográfica evidencia como a relacionalidade emerge nas dinâmicas das relações amorosas, de iniciação sexual, da procriação e do fazer da paternidade, nos quais as casas estão sempre presentes. Para criar parentesco é necessário também gerar casa. O artigo contribui para o estudo do parentesco e reprodução como processo social no Brasil, problematizando as análises dos organismos biológicos e dos processos fisiológicos como apartados dos mundos materiais que habitam e dos objetos e coisas que os constituem. Simultaneamente, a discussão sobre a criação de conexões paternas em Riachão contribui para a literatura sobre “house-ing” através de um foco na imbricação entre processos de formação de novas pessoas, novas casas e relacionalidade.