Interrupção da informalidade na cachaça artesanal: uma análise sob a ótica do trabalho institucional

Abstract

A informalidade se apresenta como um dos fatores marcantes da cachaça de alambique. No estado de Minas Gerais, maior produtor artesanal do país, os índices superavam 98% em 1980. Aportado sob a ótica do trabalho institucional, o objetivo deste artigo foi compreender como se deram as práticas dos gestores da Associação Nacional de Produtores na interrupção da informalidade. Em termos metodológicos recorreu-se a um estudo qualitativo, investigando três décadas de práticas institucionais. Constatou-se que se a desinstitucionalização logrou a redução da informalidade, os desafios não se esgotaram, uma vez que as estruturas legais ainda são um entrave para o setor. Os resultados contribuem com elementos empíricos que reforçam a disrupção, em um contexto teórico ainda pouco explorado na literatura.

Reordenação do status da cachaça de alambique: uma abordagem sob a ótica do trabalho institucional

“…Os relatos indicam que o mercado mineiro era dominado por cachaças industriais (A tradicional marca 51) de baixo custo de produção, que monopolizavam as prateleiras dos mercados (Excerto 4). Na fala de um dos gestores da Associação Mineira, a cachaça artesanal chegou, inclusive, próxima da extinção enquanto atividade, frente às dificuldades que os produtores enfrentavam: "A indústria sucroalcooleira possuía altos subsídios federais, o que afetava a capacidade de concorrência da cachaça de alambique, já que os industriários também a produziam, de maneira industrial" (5-Entrevista Pessoal, Morais, 2019).…”

“…Na época fui procurado por um funcionário de alguma entidade do governo de Minas (o INDI), que fazia um trabalho em conjunto com o Banco de Minas Gerais. Segundo ele, o Governo estava desenvolvendo esforços para enfrentar a informalidade, trazer os alambiques para o mundo formal, como forma de controle de qualidade, desenvolvimento de políticas de incentivo [...] e, é claro, com tudo isto aumentar a arrecadação do Estado (7-Entrevista Pessoal, Morais, 2019).…”

O Consumo De Cachaça E Seus Sentidos: Uma Análise Do Comportamento Do Consumidor À Luz Da Teoria Do Sensemaking

“…Oliveira (2010) ressalta que a legislação não estabeleceu uma distinção entre os produtos finais das destilarias industriais e dos alambiques artesanais, contudo, na prática, é possível notar muitas diferenças entre ambos, inclusive nas etapas de produção. Morais et. al.…”