Falar de interdisciplinaridade não é tarefa fácil. Vivenciá-la, na prática, é ainda mais complexo! Fazenda (2008) pontua que para tratar de interdisciplinaridade na educação não podemos nos ater a uma prática empírica, mas sim, é necessário realizar uma análise detalhada das razões por trás desta prática contextualizada, histórica e culturalmente. Discutir interdisciplinaridade escolar, curricular, pedagógica ou didática exige uma compreensão profunda do conceito de escola, de currículo ou de metodologia. Porém, a historicidade desses conceitos exige potencial e talento para aprofundar o conhecimento que é ou será necessário para quem pratica ou estuda esses conceitos.
A interdisciplinaridade escolar não deve ser confundida com a interdisciplinaridade nas ciências. Na interdisciplinaridade escolar a perspectiva é educativa, e a estrutura do conhecimento escolar é diferente da estrutura do conhecimento que constitui a ciência. Na interdisciplinaridade escolar, conceitos, finalidades, habilidades e técnicas são pensadas com vistas a facilitar o processo de aprendizagem, respeitando o conhecimento dos estudantes e sua integração (FAZENDA, 2008). Deste modo, é indispensável invalidar as fronteiras entre disciplinas e as interfaces do conhecimento, tanto teórico como prático.
Deste modo, este estudo nasceu de um processo de cooperação entre pesquisadores, professores e alunos, essencialmente graduandos e pós-graduandos, que buscam qualificar as discussões nesta temática. Resulta também de movimentos e ações interinstitucionais de promoção da pesquisa e extensão, reunindo pesquisadores de diversas instituições de ensino superior públicas e privadas, das mais diversas áreas do conhecimento e de abrangência nacional e internacional.
O Volume I da obra A Interdisciplinaridade e o Ensino de Ciências: concepções, fundamentos, diálogos e práticas na pós-graduação traz a contribuição de docentes e de discentes do Curso de Especialização em Ensino de Ciências e Matemática do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), e de pesquisadores de outras Instituições de Ensino Superior em nível nacional e internacional. Tem como objetivo coordenar atividades que valorizem o avanço do conhecimento científico das sociedades atuais e futuras através da produção e socialização da ciência com vistas à promoção do desenvolvimento sustentável.
Nos treze capítulos deste volume se discute temas diversos, como: desafios e possibilidades da interdisciplinaridade no ensino de Ciências na Educação Básica; práticas pedagógicas interdisciplinares no ensino de Ciências e as estratégias facilitadoras do saber; interdisciplinaridade e Matemática: um panorama da produção científica; interdisciplinaridade com foco em uma aprendizagem significativa; sala de aula invertida como proposta de intervenção baseada na aprendizagem por obras; interdisciplinaridade e ferramentas tecnológicas integradoras como instrumento educacional no contexto atual; metodologias para o ensino de Química na Educação de Jovens e Adultos; interdisciplinaridade, evolução conceitual e os desafios das práticas pedagógicas; a Educação Ambiental como ferramenta transformadora do cotidiano da escola pública; a Estatística como leitura de mundo para o ensino das Ciências; práticas, conceitos e reflexões da tecnologia 5G e seu impacto na sociedade de risco; a interdisciplinaridade no ensino de Ciências como necessidade para a construção de aprendizagens significativas; e, enseñando análisis y diseño de algoritmos durante el coronavirus (Covid-19).
Reiteramos felicitações a todos os autores pelo comprometimento, interesse e contribuição no desenvolvimento e produção desta obra. Esperamos que este primeiro volume seja uma ferramenta norteadora e fundamental no desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão para estudantes, professores, pesquisadores e comunidade acadêmica em geral, bem como, para todos os interessados nos temas aqui delineados.