RESUMOO trabalho apresenta quais aspectos constituem a relação pessoa-animal na amazônia e seus desdobramento na conservação da fauna silvestre em risco de extinção. A pesquisa foi bibliográfica e campo, neste último utilizou-se a técnica de grupo focal. Os dados coletados foram discutidos mediante a técnica da Análise de Conteúdo. A pesquisa foi em quatro comunidades amazônicas. Verificou-se que as formas de percepção do mundo e consequentemente posicionamento sobre as espécies não-humanas coadunam-se aos tipos de relações construídas entre os seres vivos nos diversos contextos. As dimensões da coexistência entre humanos e a animais da fauna silvestre, constroem-se a medida que os conhecimentos sobre as mesmas são aprofundados.
ABSTRACTThe work presents which aspects constitute the person-animal relationship in the amazon and its unfolding in the conservation of the wild fauna in danger of extinction. The research was bibliographical and field, in the latter the focal group technique was used. The data collected were discussed using the Content Analysis technique. The research was carried out in four Amazonian communities. It has been found that the forms of perception of the world and consequently positioning on the non-human species are in line with the types of relations constructed between living beings in different contexts. The dimensions of coexistence between humans and animals of wild fauna are built up as knowledge about them is deepened.
INTRODUÇÃOO mundo globalizado afeta a forma como nos relacionamos com os demais seres vivos. Essa afirmação é corroborada por uma diversidade de estudos sobre a coexistência entre as espécies, discute-se como seres humanos estavam juntos, próximos ou na companhia de outros animais, antes mesmo do nomadismo e muito mais com a domesticação. De acordo com Morris (1990) as relações criadas entre as espécies, pela proximidade e coexistência, representavam uma forma de contrato animal, onde tanto humanos como não-humanos, estavam numa igualdade de percepção e interação com o ambiente. A coexistência entre humanos e cães é um exemplo deste contrato. Essa relação com os cães domésticos do gênero Canis, atualmente "natural", é um caso do processo de aproximação mútua (MARCHESINI, 2011). A proximidade ocorreu mediante a domesticação, uma ação de controle reprodutivo e seleção artificial, operacionalizada a partir de determinados animais funcionais à espécie humana. A preferência sobre determinados animais, se por um lado permitiu a aproximação, por outro criou uma lacuna com outras espécies, pois na visão utilitarista, não possuíam função na vida humana. Trata-se, portanto, de uma objetificação, precarização e discriminação das outras espécies, identificada como especismo (SINGER, 2010). A preferência por espécies em desfavor de outras é o reflexo de nossa estrutura social, as necessidades humanas, sejam elas alimentícias, estéticas, lazer, saúde, segurança e assim por diante (SINGER, 2010). Ressalta-se que essas formas de percepção e coexistência com os outros animais caminham...