Interações de alunos com Transtorno do Espectro Autista na escola

Abstract

O O artigo tem por objetivo analisar as interações sociais entre uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus pares, professor, monitor e pesquisador, ocorridas numa sala de aula do Ensino Fundamental de uma escola especial frequentada por 4 crianças de 6 a 10 anos, todas com TEA, enfatizando os processos de significação que surgem nesse contexto. Olhar para a educação de pessoas identificadas como TEA, com fundamentos na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano, implica caminhar no sentido oposto à maioria das produções sobre essa temática, que considera que uma das principais características das pessoas com TEA é a dificuldade de interação social e essa característica é tomada como “um fato dado” a partir do qual se parte para refletir sobre o desenvolvimento, sem problematiza-lo. As situações foram registradas em diário de campo e em filmagens, o que permitiu uma análise minuciosa das interações estabelecidas, bem como a identificação de indícios dos processos de significação e subjetivação construídos a partir dessas relações. Os achados apontam para possibilidades de uma atuação educacional centrada nas relações, que privilegie a elaboraçãocompartilhada de sentido na comunicação e aprendizado entre o aluno com transtorno do espectro autista e os outros.

A escolarização de crianças autistas: Contribuições da Teoria Histórico-Cultural

“…Nele, a "estruturação externa" permite ao sujeito desenvolver "estruturas internas" que serão transformadas em estratégias, as quais serão automatizadas, permitindo o uso destas em ambientes menos estruturados (Fonseca & Ciola, 2014;Rodrigues & Spencer, 2010). E, ainda, cada criança tem o seu acervo individual de cartões visuais e a sua própria rotina individualizada -o que acaba dificultando as interações e interlocuções entre os alunos comumente heterogêneos em uma classe regular de ensino (Martins & Monteiro, 2018).…”

“…Em seguida, trazemos as contribuições da Teoria Histórico-Cultural para reflexão e compreensão sobre o tema. Para tanto, fez-se um estudo conceitual do desenvolvimento específico de pessoas com deficiência, síndromes, transtornos etc., nas obras de Lev Semionovitch Vigotski e de autores contemporâneos (Marchiori & Cortês, 2021;Martins & Monteiro, 2018;Orrú, 2010) que discutem o TEA na Teoria Histórico-Cultural.…”